A cobertura vegetal no Rio Grande do Sul tem sido tema abordado com certa freqüência.
Várias questões estão relacionadas ao assunto: proteção de áreas de preservação permanente,
reflorestamento e recuperação de áreas degradadas por práticas agrícolas intensivas e
desmatamento. Um balizador da situação atual pode ser apurado através de dados do
Inventário Florestal Contínuo, que mostra a situação da cobertura florestal do Estado,
qualificando todas as formações florestais. Sua continuidade permitirá a obtenção periódica
de informações atualizadas, suficientes e confiáveis sobre o estado dos recursos
florestais e suas mudanças no tempo.
O inventário é um instrumento para planejamento, controle e fiscalização, análise de
projetos de licenciamento florestal, educação ambiental e pesquisa científica, tanto para
o Poder Público como para o setor privado. Foi o único inventário florestal executado em
âmbito estadual, no Brasil, nos últimos 20 anos. Os levantamentos em nível de campo foram
efetivados mediante o uso de modernas tecnologias e equipamentos, e foram adotados
sistemas computacionais específicos para a realização do mapeamento e formulação do banco
de dados.
Sociedade
O trabalho foi elaborado em 2001 pela Universidade Federal de Santa Maria com recursos do
Fundo de Desenvolvimento Florestal (Fundeflor), com ampla participação da sociedade,
através de entidades representativas do setor rural, das indústrias de base florestal, de
classes de profissionais, de organizações ambientais, de produção e de órgãos de governo.
Serve de base para a formulação de estratégias que garantam a sustentabilidade de
matérias-primas de qualidade, ampliação do parque industrial e competitividade pela busca
de novos mercados. Instrumento de planejamento agrícola e da produção florestal no âmbito
das propriedades rurais, dos municípios e das bacias hidrográficas.
Com base nos dados apurados pelo levantamento do início da década constatou-se a existência
de uma cobertura florestal de 34,4% da área total do RS. Presume-se que no início da
colonização esse índice chegava a 100%, quando as maiores matas se localizavam na Encosta
Superior e Inferior do Nordeste, além de reservas peculiares de florestas distribuídas ao
longo do Planalto, Serra e Encosta do Uruguai. Esse percentual de cobertura apurado no
Vale do Taquari é considerado bom. Grande parte dela encontra-se em estágio médio de
regeneração, destaca Milton Stacke. Entre os municípios que mais se destacam pela
preservação figuram Marques de Souza, Travesseiro, Arroio do Meio, Encantado e Roca Sales,
todos com uma topografia declivosa.
Investimentos
Os principais motivos desse processo de regeneração são atribuídos ao abandono da
agricultura, fiscalização mais rigorosa e criminalização da exploração da floresta desde
1998. Dois empresários lajeadenses que resolveram investir na produção de madeira são
Deoclécio e Deoclides Pedó. Em 2002 eles implantaram um projeto entre Tamanduá, Linha
Atalho e Linha Orlando, no município de Marques de Souza. A decisão se atribui ao fato de
serem do ramo de móveis e consumidores de madeira. "Resolvemos investir nesse segmento
por entendermos que a tendência é que essa matéria-prima se torne cada vez mais escassa",
comenta Deoclécio. Ele acredita que no futuro toda a madeira consumida será originária de
florestas plantadas pelo homem.
Os irmãos Pedó utilizam uma área de 265 hectares, dos quais 160 hectares estão ocupados
com pinus, eucaliptos e araucária. O investimento deverá dar retorno a partir do sétimo
ano e a primeira avaliação é que a empresa faça o processamento da madeira. Deoclécio
destaca que muitas pessoas ainda não se conscientizaram a respeito do retorno que um
investimento dessa natureza pode proporcionar. Ele garante que não existe arrependimento
pela decisão tomada - pelo contrário, só há motivos para comemorar, porque a demanda
crescente por madeira no mundo fez com que essa opção se tornasse um bom negócio. Os gastos
com a manutenção de uma floresta se resumem à mão-de-obra com o plantio, limpeza e
combate à formiga cortadeira.
(
Informativo do Vale, 13/12/2006)