Depois de 20 milhões de anos, boto chinês está extinto
2006-12-14
Uma expedição internacional, formada para buscar um exemplar do raro boto chinês, terminou sem que o animal fosse avistado uma única vez, e os pesquisadores afirmam que o mamífero está enfrentando a extinção iminente. Poucos dos botos do Rio Yang-tse, conhecidos como baiji, talvez ainda existam no hábitat natural do animal, na parte oriental do grande rio que corta a China, mas não em quantidade suficiente para se reproduzir e escapar da extinção, diz August Pfulger, um dos líderes da expedição.
"Temos de aceitar o fato de que o baiji está tecnicamente extinto. Perdemos a raça", diz nota divulgada por Pfulger. "É uma tragédia, uma perda não só para a China, mas para todo o mundo. Estamos muito tristes". O baiji, um animal tímido e praticamente cego, é uma das espécies de golfinho mais antigas do mundo, existindo há cerca de 20 milhões de anos. Cientistas acreditam que seu desaparecimento será o primeiro caso de um grande mamífero aquático levado à extinção pelo homem desde que a caça deu cabo da foca-monge caribenha, na década de 50.
Pesca predatória e o tráfego fluvial, com, barcos cujos motores interferem com o sonar natural do baiji, são, provavelmente, as causas do declínio da população, segundo Pfulger. Embora o Yang-tse seja um rio poluído, amostras tiradas pela expedição a cada 50 km não mostraram grandes concentrações de substâncias tóxicas.
Durante quase dois meses, a equipe de 30 cientistas vasculhou um trecho de 1,7 mil quilômetros do rio, onde o baiji antes prosperava. Os dois barcos da expedição, equipados com binóculos e microfones subaquáticos, percorriam o Yang-tse com um intervalo de uma hora, e sem contato por rádio, para que as opiniões de um grupo não influenciassem o outro.
Acreditava-se que houvesse 400 baiji no Yang-tse nos anos 80. A última busca ampla, realizada em 1997, encontrou 13, e um pescador disse ter visto um baiji em 2004. Pelo menos 20 baiji seriam necessários para dar á espécie uma chance de recuperação, diz a nota da equipe científica, citando o principal defensor do boto, o biólogo Wang Ding.
(AP, 14/12/2006)
http://www.estadao.com.br/ciencia/noticias/2006/dez/13/226.htm