Parque estadual é transformado em garimpo no MT
2006-12-13
Fiscais da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) e a Polícia Ambiental flagraram mais de 100 pessoas em um garimpo ilegal aberto dentro do Parque Estadual Igarapés do Juruena (localizado entre os municípios de Colniza e Cotriguaçu, no extremo-noroeste do Estado). Quatro líderes foram indiciados.
A operação foi realizada entre os dias 5 e 9 deste mês. De acordo com o tenente Antônio Carlos Costa, um dos coordenadores, a área invadida é de difícil acesso e está fortemente degradada pela extração de ouro e a extração de madeira.
“Há crateras por toda parte e mais mil metros cúbicos de todo o tipo de madeira extraídos. É quase um cenário de filme de terror. Fiquei estarrecido com o que estavam fazendo com o parque”, avaliou o policial.
No momento do flagrante, muitos garimpeiros fugiram pela mata. Entre os que ficaram, havia mais de 100. “Eram tantas pessoas que tivemos de deixar de dar voz de prisão, pois nosso efetivo não seria suficiente para levar a todos. Por isso, decidimos indiciar os quatro líderes e levar conosco os equipamentos”.
Os indiciados são Cícero Francisco de Souza, Jolmar Simionatto, Josenilton Silva dos Santos e Luiz Sérgio Otto. Os fiscais apreenderam com eles 15 motores estacionário, seis caminhões e um trator de esteira.
“Cada um deles liderava um grupo de pelo menos 60 garimpeiros”, relata Costa, que identificou a origem dos invasores. “Eles vêm do Amazonas e de Rondônia, principalmente. Mas há gente de todo lugar, que vem seguindo o rastro da fofoca”.
Fofoca, na gíria do garimpo, é a notícia que corre de boca em boca sobre alguma área promissora para extração. A descoberta de que o Igarapés do Juruena havia se tornado um dos focos desse movimento foi possível por meio de imagens de satélite.
De acordo com a Sema, um relatório técnico, juntamente com o inquérito policial, será encaminhado ao Ministério Público Estadual para abertura de inquérito.
Grilagem
Criado por decreto estadual em 2002, o Igarapés do Juruena protege uma área de 227 mil hectares, rica em água e diversidade de fauna e flora. De acordo com um levantamento da Coordenadoria de Unidades de Conservação da Sema (CUCO), o parque é procurado por grupos de grileiros. Também foram registrados casos de fraude em planos de manejo, para legalizar madeiras retiradas do parque.
(Por Rodrigo Vargas, Diário de Cuiabá, 11/12/2006)
http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=273854