Relatório britânico defende experiências em macacos
2006-12-13
Há fortes motivos científicos para que cientistas britânicos continuem a usar macacos em pesquisas em certos casos, por exemplo, quando essa é a única forma de salvar vidas humanas, decidiu um comitê de especialistas. "Há uma forte razão científica para manter o trabalho em primatas não-humanos, para problemas cuidadosamente selecionados... pelo menos, no futuro previsível", afirma o Relatório Weatherall.
Testes em animais causam grande controvérsia no Reino Unido, e grupos de defesa dos direitos dos animais já atacaram empresas e pessoas envolvidas na pesquisa com animais. A cada ano, cerca de 3,3 mil macacos são utilizados em pesquisa médica ou científica no país - cerca de 0,1% do total de animais de laboratório em solo britânico. Três quartos dos animais envolvidos em testes tomam parte na avaliação de segurança de novos remédios. Experimentos nos chamados grandes macacos - os mais próximos do ser humano, como gorilas e chimpanzés - já são terminantemente proibidos no país.
Mas críticos afirmam que mesmo os macacos mais distantes são capazes de sentir grande sofrimento. O comitê que emitiu o mais recente relatório, encabeçado pelo geneticista Sir David Weatherall, concordou que há casos em que a disponibilidade de outras abordagens científicas enfraquece o argumento a favor do uso de macacos em laboratório. O texto afirma que experimentos em primatas são importantes apenas na busca de respostas para questões sobre o sistema imunológico, nervoso e reprodutivo, que não possam ser abordadas com o uso de roedores e outras criaturas muito diferentes dos humanos.
O comitê também afirma que testes em macacos são o único meio disponível, atualmente, de avaliar a segurança e eficiência de vacinas contra o HIV e outras infecções, e tratamentos para doenças do cérebro. Michelle Thew, principal executiva da União Britânica pela Abolição da Vivissecção, referiu-se ao relatório como "mais panos quentes". "Eles dizem que os fins justificam os meios quando se trata de pesquisa em primatas não-humanos, mas não chegam a provar isso", afirma. "Eles não analisaram os testes de segurança farmacológica, onde a vasta maioria dos macacos é usada em pesquisas".
(AP, 12/12/2006)
http://www.estadao.com.br/ciencia/noticias/2006/dez/12/250.htm