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2006-12-12
A empobrecida população do Nordeste brasileiro, uma das regiões mais vulneráveis ao aquecimento global, já se prepara para aprender a conviver com a seca, por meio de diversos projetos, como a construção de um milhão de cisternas para armazenar água da chuva. A extensa região pode experimentar aumento de 4,5 graus em sua temperatura média até o final do século, no pior cenário, de acordo com o Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC). Os cientistas alertam que o aquecimento global vai acelerar a desertificação na região, aumentando a pobreza e a emigração.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que 48,8% da população nordestina é pobre, o que representa quase o triplo da do Sudeste (17%, em média) e do Sul (18,3%). A região conhecida como semi-árido, no interior, “é a mais vulnerável à mudança climática, com uma parte tendendo a se converter em árida”, disse José Antonio Marengo, pesquisador do CPTEC. O semi-árido se estende por 1,85 milhão de quilômetros quadrados do Nordeste e da parte Norte do Estado de Minas Gerais. Isso corresponde a 13% do território nacional, onde vivem 29 milhões de pessoas.

O também chamado “polígono das secas” concentra a atenção do Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (PAN), iniciado recentemente, atendendo à Convenção das Nações Unidas sobre o assunto (1996). O PAN será “um instrumento para evitar a catástrofe”, assegurou seu coordenador no Ministério de Meio Ambiente, José Roberto de Lima. O programa muda a forma tradicional de atuar no semi-árido, ao integrar esforços de vários órgãos governamentais, com participação ativa da sociedade, “gerando sinergias” entre ações dos ministérios do Meio Ambiente, da Integração e da Agricultura e de organizações não-governamentais, destacou Lima.

Uma orientação que se afirmou nos últimos anos é buscar conviver com a seca, em lugar de fazer obras como represas, que se revelaram ineficientes para fornecer água à população. A construção de um milhão de cisternas para guardar água da chuva é um dos projetos em andamento, impulsionado pela Articulação do Semi-Árido (ASA), uma rede de 750 ongs, sindicatos e instituições comunitárias e religiosas. “Nos aproximamos das 200 mil cisternas construídas junto com a população”, disse Paulo Pedro de Carvalho, agrônomo e coordenador de programas do não-governamental Centro Caatinga, no Estado de Pernambuco. Caatinga é o nome da vegetação local, de arbustos sinuosos e resistentes à seca.

Com este projeto, destinado a garantir à população rural água para beber e cozinhar, Carvalho espera que se chegue à meta de um milhão de cisternas nos próximos cinco anos. Além disso, a ASA procura disseminar, com métodos participativos e educacionais, outras tecnologias para garantir a pequena produção agrícola, como pequenas represas subterrâneas e outras formas de armazenar água evitando a evaporação. “A evaporação é um grande fator de escassez de água na região. As grandes represas perdem grande parte da água”, lembrou Carvalho. Há décadas, sucessivos planos de desenvolvimento - agrícolas, industriais, assistenciais, florestais e hídricos - tentaram reduzir a pobreza do semi-árido do Nordeste.

O novo enfoque, de conviver com o clima e preservar o ecossistema, agora também tem de responder à urgência imposta pela ameaça do aquecimento planetário. Entretanto, as previsões meteorológicas apresentam um alto grau de incerteza. Alguns especialistas, como Mario de Miranda Leitão, doutor em Meteorologia e pesquisador dos Efeitos do Clima na Agricultura, apontam aspectos “benéficos” do aquecimento global, já que o calor poderia aumentar a evaporação nos oceanos e reverter a desertificação. “O aumento da evaporação acentuaria a formação de nuvens e as conseqüentes chuvas em muitas partes do mundo, entre elas o semi-árido brasileiro, próximo ao Oceano Atlântico”, disse Miranda ao ser entrevistado, sem descartar “conseqüências graves” do efeito estufa em todo o planeta.

Para Marengo, do CPTEC, se ocorrer esse fenômeno, “serão chuvas intensas e passageiras, insuficientes para encher os depósitos e que evaporarão rapidamente com o calor intenso e o ar mais seco”. O debate científico continua, mas no momento há consenso em torno da urgência de “criar uma estrutura de convivência com a seca. É necessário, principalmente, armazenar água de forma adequada ao clima semi-árido, inclusive para evitar problemas sociais que afetam todo o país, já que a migração da região semi-árida incha as cidades brasileiras, agravando seus desequilíbrios e conflitos”, destacou Miranda.
(Por Mário Osava, Envolverde/IPS, 11/12/2006)
http://www.envolverde.com.br/materia.php?cod=25683&edt=1

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