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2001-10-22
Diferentemento do óleo crú, o Nafta leve, que vazou na Baía de Paranaguá na manhã da quinta feira (18/10), é um produto altamente volátil e pode causar uma forte intoxicação em animais e seres humanos. Além disso, o nafta também é muito solúvel, misturando-se facilmente com a água, o que prejudica a identificação das áreas atingidas e a contenção do produto. Assim, torna-se praticamente impossível a recuperação dos animais contaminados com o Nafta. O produto causa uma irritação muito forte nos olhos e na mucosa, além do risco de contaminação e intoxicação por inalação. Além do ecossistema de mangues, que abriga uma rica biodiversidade, a Baía de Paranaguá também é uma região onde habitam uma população numerosa dos chamados Botos Cinzas - Sotalia fluviatilis. Estes cetáceos costumam ocupar a Baía durante o dia em busca de alimento e, à noite, retornam para o alto mar. Os golfinhos tem maior poder de escape e possuem a habilidade de evitar áreas contaminadas com produtos químicos, diferentemente das aves marinhas, que acabam atingidas com maior frequência, uma vez que não têm a característica de evitar estas áreas. Contudo, apesar de ser reduzida a probabilidade do Nafta derramado no mar atingir os golfinhos a curto prazo, os efeitos a longo prazo podem comprometer a sobrevivência da população. Isso acontece, pois mesmo que o produto derramado evapore ou misture-se com a água, a contaminação da biodiversidade é inevitável, afetando toda a cadeia alimentar. Desta forma, os golfinhos podem vir a sentir os efeitos tóxicos do Nafta de maneira indireta. O vazamento pode causar uma mudança na distribuição e abundância de alimentos, os alimentos contaminados podem ocasionar problemas neurológicos e a diminuição da taxa de reprodução, além de muitas outras doenças. Estes impactos só serão observados a longo prazo, através de um plano de monitoramento sistemático e contínuo. Infelizmente, pouco podemos fazer para salvar os animais marinhos que habitam a região contaminada pelo vazamento de Nafta. A situação é complicada e a Sea Shepherd não está preparada para agir nestas condições. Sentimos por isso. Sempre queremos estar à frente de situações como esta para salvar o maior número de animais marinhos possível. Também nos sentimos frustrados por não poder resolver todos os problemas. Nunca imaginaríamos que o descaso e a falta de cuidado pudesse chegar a tais proporções. Um navio carregado com 22 milhões de litros de produto tóxico, merece total atenção. A probabilidade de acidente deve estar reduzida a zero e todo o cuidado é pouco. Porém, parece que a Petrobrás ainda não aprendeu a lição. A maioria dos acidentes ocorridos foram por falha técnica ou humana, algo que não pode ser admitido em se tratando de uma empresa deste porte e com este faturamento. Parte da culpa também é dos órgãos fiscalizadores, que permitem a circulação de navios velhos e em péssimas condições. Gostaríamos de fazer um apelo para que todos aqueles que tiverem a possibilidade de manifestar sua indignação e repúdio à maneira como a Petrobrás e os órgãos governamentais vem tratando às questões ambientais, o façam sem remorso. Neste momento, a única coisa que nos resta é pressioná-los para que acidentes como este não voltem a acontecer.

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