Seminário em Bagé discute desertos verdes
2006-12-12
“Alerta contra os desertos verdes” foi o seminário promovido pela Regional Sul da Alimentação, Sindicatos dos
Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação de Bagé, Pelotas, Rio Grande e Dom Pedrito. Também contou com apoio
da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação.
Aprofundar a discussão com a comunidade, autoridades e convidados sobre o impacto ambiental, suas causas e
efeitos na natureza foi o principal propósito desse evento. O presidente do Sindicato de Bagé, Luiz Carlos Cabral
Jorge, diz que a categoria está preocupada com a implantação de florestamento na região, quando muitos produtores
estão aderindo a esta nova alternativa e acabam abandonando a produção de alimentos. A preocupação de Jorge
também está atrelada à transformação da região dos pampas e os riscos ambientais que esta cultura pode ocasionar.
Posicionamento
A explicação da entidade que se posiciona contra é que o eucalipto é plantação industrial que visa lucro para
capitalistas internacionais e causa muitos prejuízos. Eles alegam que as empresas usam grande quantidade de
veneno para matar as demais ervas e não atrapalhar o eucalipto. O veneno desce para o lençol freático, debaixo da
terra, e contamina a água. Segundo o presidente, as plantas de eucalipto, após o primeiro ano de plantio, precisam
de 30 litros de água por dia para crescer. Isso gera desequilíbrio hídrico na natureza. Na fase adulta diminui
para 10 litros diários. “A nossa preocupação é a mudança da paisagem da região, a desistência de culturas de
alimentos e ainda os riscos ambientais”, sustenta.
Na oportunidade, o docente e pesquisador do Instituto de Biocências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Ludwing Buckup, destacou que o seu posicionamento não é contra o florestamento, já que as espécies de eucalipto e
pinus são as que produzem fibras adequadas para a fabricação de papel. “Não se trata de uma opinião radical
contrária, no entanto, é preciso, antes de plantar essas culturas florestais, saber onde, como, quanto e quando
se pode plantar”, aponta.
Segundo o palestrante, a lei manda que se obtenha um licenciamento ambiental para iniciar a plantação de uma
monocultura florestal. “É preciso ser feito o zoneamento, que não existe, e a Fepam já disse que antes de 2007
não estará concluído”, lamenta Buckup ao acrescentar que, enquanto isso, as empresas investidoras no ramo estão
se estendendo e não esperaram o zoneamento para efetivar o plantio.
O presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação, Darci Pires da Rocha, salienta que
esse evento teve a finalidade de colocar em pauta o debate e esclarecer o trabalho no ramo. Ele diz que a
categoria teme, além do impacto ambiental, questões ligadas à saúde e alimentação. “Tememos a extinção de terras
agricultáveis”, salienta.
(O Minuano, 09/12/2006)
http://www.jornalminuano.com.br/noticia.php?id=11520