As emissões humanas de dióxido de carbono estão diminuindo a camada mais exterior da atmosfera terrestre, o que facilita o controle da estação espacial, mas prolonga a vida de perigosos detritos espaciais, disseram cientistas na segunda-feira.
"É meio que uma faca de dois gumes", disse Stanley Solomon, cientista do Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas dos EUA, no Colorado. "No futuro, será um pouco mais fácil manter a estação espacial em órbita, por exemplo, ela precisará de um pouco menos de combustível."
"Por outro lado, isso dará uma vida útil muito maior ao lixo espacial", disse ele em uma reunião da União Geofísica Americana, em San Francisco.
Solomon é co-autor de um estudo apresentado na segunda-feira, segundo o qual a queima de combustíveis fósseis e o aumento das emissões de dióxido de carbono deixarão a parte mais externa da atmosfera, acima de cem quilômetros, 3 por cento menos densa até 2017. O estudo já apontou uma redução de 5 por cento entre 1970 e 2000.
Embora nas partes mais baixas da atmosfera o dióxido de carbono provoque o aquecimento, na capa mais externa, que é mais fina e é onde a estação espacial orbita, ocorre um efeito contrário, de resfriamento. A atividade solar também tem impacto sobre a atmosfera externa.
Conforme essa região mais remota fica menos densa, ela produz menos arrasto sobre os satélites, as naves e os dezenas de milhares de objetos descartados em missões espaciais anteriores, um lixo que flutua a 250 quilômetros de altura.
"Esses objetos agora sofrem menos arrasto proporcionalmente do que há 30 anos", disse Solomon. Os seres humanos colocam objetos no espaço desde 1957, quando a União Soviética lançou o satélite Sputnik. Alguns dos primeiros satélites, como o Explorer 8, lançado pela Nasa em 1960, ainda orbitam a Terra.
Desde o Sputnik, as missões espaciais já deixaram cerca de 10 mil objetos maiores do que uma laranja grande, ou 100 mil maiores do que um centímetro, segundo Kent Tobiska, presidente e cientista-chefe da empresa Space Environment Technologies, da Califórnia. Segundo ele, o ambiente para as naves espaciais de hoje em dia é "mais complexo, mais difícil e mais perigoso".
A Estação Espacial Internacional atualmente em órbita precisa reajustar seu rumo várias vezes por ano, para não colidir com os destroços. Uma colisão acidental desses objetos com um astronauta que esteja realizando reparos no espaço aberto pode ser fatal. Na semana passada, um cosmonauta russo deu sua contribuição para o lixo espacial ao fazer uma tacada de golfe em pleno espaço, para uma propaganda.
(Por Adam Tanner,
Reuters , 12/12/2006)