Pequena guerra nuclear também seria ameaça global
2006-12-12
Até mesmo uma guerra nuclear de pequena escala poderia gerar tantas baixas quanto a 2ª Guerra Mundial e comprometer o clima global por uma década ou mais, afetando todo o planeta. Essas conclusões são apresentadas em artigos publicados online pelo periódico Atmospheric Chemistry and Physics Discussions.
Esses resultados são a primeira avaliação quantitativa das conseqüências de um conflito atômico entre potências nucleares emergentes, afirma Richard Turco, do Departamento de Ciências Atmosféricas e Oceânicas da Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA).
Os cientistas responsáveis pelos artigos analisaram o estado atual da distribuição de armas nucleares, dados sobre as grandes metrópoles contemporâneas e aplicaram modelos de computador para simulação do clima.
Os cálculos levaram em conta os efeitos locais de bombas "pequenas", comparáveis à que destruiu Hiroshima, em centros urbanos, incluindo baixas diretas e vítimas da radiação, diz Turco, que nos anos 80 encabeçou o grupo de cientistas que definiu o risco de "inverno nuclear" no caso de uma guerra total entre EUA e União Soviética.
Mesmo as mais modestas potências nucleares da atualidade e do futuro próximo podem ter pelo menos 50 bombas do tamanho da que foi usada contra Hiroshima, declaram os cientistas. Além disso, cerca de 40 países têm plutônio e urânio suficientes para construir arsenais nucleares. No caso de uma guerra regional, o total de mortes poderá chegar a um máximo de 16 milhões, disse o cientista, com um mínimo de 2 milhões de baixas.
Os pesquisadores estimaram a quantidade de fuligem que seria gerada nos incêndios urbanos provocados pelas explosões nucleares. O resultado é de mais de 5 milhões de toneladas, em muitos casos. O impacto ambiental de uma guerra limitada a uma pequena parte do mundo seria, com isso, global. Muito da fuligem poderia ficar na atmosfera por mais de uma década, reduzindo as chuvas e resfriando o planeta, com conseqüências graves para a produção de alimentos.
(Estadão, 11/12/2006)
http://www.estadao.com.br/ciencia/noticias/2006/dez/11/289.htm?RSS