Reciclagem em Londrina precisa de mais estrutura
2006-12-11
A intenção de expandir o programa municipal de coleta seletiva nas casas e condomínios residenciais e comerciais
de Londrina está ameaçada pela falta de estrutura das organizações não-governamentais (ONGs) que recolhem o lixo
reciclável. A aprovação da resolução do Conselho Municipal do Meio Ambiente (Consemma), que torna a separação
obrigatória a partir de 1º de janeiro de 2007, já aumentou a quantidade de material segregado. A consequência
imediata foi o acúmulo nos prédios.
É o caso do edifício comercial Palace Center, na Área Central, que está sem a coleta seletiva há quase um mês. Os
sacos de material reciclável estão empilhados na garagem, o que, segundo o síndico Arthur Harbs, incomoda os
condôminos. ''Se não houver a coleta, o programa não funciona. A pessoa vai questionar a necessidade de fazer a
separação se o lixo não tiver a destinação correta'', alerta.
A coordenadora do Sindicato das Empresas de Compra, Venda e Locação de Imóveis (Secovi), Marla Joaquim, informou
que as queixas são diárias. ''Não adianta discutir multa se a coleta não funcionar corretamente'', adverte.
O programa municipal de coleta seletiva foi implantado há dez anos. Hoje, conta com cerca de 500 catadores
filiados, distribuídos em 29 ONGs diferentes. A Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) está
incentivando a adesão dos 400 autônomos que ainda atuam na cidade à Central de Prensagem e Vendas (Cepeve).
''A estimativa é que apenas 10% dos condomínios faziam a separação do material. O anúncio da aprovação da
resolução fez esse número subir para 30%. A estrutura vai precisar de tempo para se adequar'', pondera o
coordenador do programa municipal de coleta seletiva, José Paulo da Silva.
Para a presidente da Central de Prensagem e Vendas (Cepeve), Sandra Araújo Barroso Silva, a falta de barracões e
de pessoal também vai dificultar o atendimento da demanda no ano que vem. ''Precisamos de mais barracões e de
mais gente para dar conta. Vai faltar até carrinho para fazer a coleta'', alerta. Ela acrescentou que o maior medo
de quem trabalha no ramo é que o programa, que hoje funciona adequadamente, caia em descrédito.
A multa foi excluída do texto da resolução do Consemma que determina a obrigatoriedade a partir de janeiro. Este
tipo de punição, no entanto, já está previsto nas legislações federal e estadual. Tanto que a Promotoria de
Defesa do Meio Ambiente informou que a fiscalização será rígida. ''Vamos pressionar a prefeitura para não receber
o material reciclável no aterro sanitário'', alerta a promotora Solange Vicentin.
O presidente do Consemma, Fernando de Barros, destaca que pequenas atitudes são importantes para contribuir com a
preservação do meio ambiente. ''Mas com relação à separação do lixo, até que a conscientização está num bom
nível'', opina.
(Por Fernando Rocha Faro, Folha de Londrina, 11/12/2006)
http://www.bonde.com.br/folha/folhad.php?id=8430LINKCHMdt=20061211