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2006-12-11
A produção de soja transgênica em Mato Grosso deve chegar a 90% nos próximos três anos. Atualmente, no Estado, cerca de 30% das lavouras são transgênicas.

O presidente da Associação dos Produtores de Sementes de Mato Grosso (Aprosmat), Elton Hamer, afirma que a cada ano o percentual de produção de soja transgênica tem aumentado e que a produtividade será o fator preponderante na aceleração ou retardamento da soja transgênica no Estado.

Hamer diz que a aceitação dos transgênicos em 100% não acontecerá no Estado em função de haver propriedades, especialmente no Médio-Norte, que ainda apresentam nichos de mercado para os não-transgênicos. “Mas este mercado tem sido cada vez menos procurado”, destaca. “Caminhamos, no caso da soja, para maioria absoluta da área de Mato Grosso”, completa.

O presidente acredita na eficiência da transgenia nas sementes e grãos uma vez que apresentaram resultados positivos em relação à diminuição ao uso de agrotóxicos nas cultivares. Hamer destaca que são os herbicidas e fungicidas os principais responsáveis pelos malefícios à saúde humana como o desenvolvimento de câncer. No caso dos transgênicos, Hamer ainda não tem conhecimento de que a ingestão de alimentos modificados geneticamente provoque danos à saúde.

O presidente da Apromast exemplifica que o consumo tem sido desmistificado, especialmente em países de primeiro mundo. “É cada vez menor a rejeição aos produtos oriundos da transgenia em países desenvolvidos”, aponta.

Dessa forma, o produtor explica que o mercado indica a projeção de produção e não acredita que a produção será extinta. “Se houvesse grande rejeição não teríamos nicho de mercado”, pondera. Isso acontece, segundo ele, em função dos preços dos transgênicos aplicados no mercado serem praticamente equivalente aos não-transgênicos.

Atualmente, há basicamente um tipo de soja transgênica, a soja Roundup Ready (RR). Segundo Hamer, há casos em que se misturam soja transgênica e não-transgênica para exportação. Isso acontece ainda em função dos royaltes - impostos pagos pela utilização da tecnologia da Monsanto, empresa que descobriu a tecnologia RR. Na safra passada, a multinacional cobrou dos produtores R$ 0,88 por quilo de semente certificada, o que, segundo a Monsanto, correspondeu a uma remuneração a título de royalties de R$ 50 por hectare.

O presidente da Aprosmat espera que a tecnologia empregada descubra genes resistentes à seca e às pragas para aplicação em outras cultivares.

Ele lembra que a produtividade dos orgânicos, por exemplo, representa a metade do rendimento das cultivares geneticamente modificado. “Por isso, esse mercado é preenchido por pequenos proprietários, uma vez que a produção em larga escala encarece significativamente o produto. É um mercado direcionado”, completa.

Greenpeace atento ao impacto social
Uma das entidades que questiona a produção e ingestão dos produtos transgênicos é o Greenpeace. Segundo o representante do Greenpeace, Marcel Madureira, a entidade não é contra a implantação dos transgênicos junto às culturas agrícolas. A defesa, no entanto, diz respeito ao impacto social causado com a adoção dos alimentos geneticamente modificados no cardápio do brasileiro.

Além disso, segundo Madureira, o risco de comprometimento junto ao meio ambiente também é alto uma vez que não há controle sobre a integração e rearranjo dos genes.

Madureira pontuou que os experimentos em laboratório apresentam resultados diferentes daqueles adotados em ambiente externo. “Com a liberação no meio ambiente o resultado pode ser irreversível”, disse.

Segundo o GreenPeace, a mobilização da sociedade civil defende o direito de acesso ao conhecimento, transparência e seriedade nos processos de avaliação de riscos. Analisar o risco, o que eles nomeiam como Princípios de Precaução, é indispensável em relação à liberação de organismos transgênicos na natureza.

A ONG defende que os transgênicos devem ser avaliados a partir do ponto de vista do consumidor e do meio ambiente e não de acordo com os interesses econômicos.

Estudos revelam economia nos custos
Segundo dados do Boletim de Pesquisa de Soja, publicado pela Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT), entre 1996 e 2004 as plantas transgênicas já agregaram pelo menos US$ 19 bilhões na renda dos agricultores no mundo. Esse ganho veio na sua maioria pela redução de custos com herbicidas e inseticidas e algum aumento na produtividade.

Deste total, a soja transgênica Roundup Ready (RR), a mais usada em Mato Grosso, responde por 48%, ou seja, US$ 9,3 bilhões. Isso representa 6,7% do valor do total da produção mundial de soja. Um número ainda mais expressivo se considerarmos que neste mesmo período a produção mundial de soja aumentou em cerca de 65%.

O emprego de tecnologia permitiu ainda, durante o mesmo período, uma redução de 174 milhões de quilos de agroquímicos, ou seja, uma redução de 6%.
(Por Talita Ormond, Diário de Cuiabá, 11/12/2006)
http://www.diariodecuiaba.com.br/

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