Mercosul terá plano para deter desertos
2006-12-11
O Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) e países ligados ao bloco (Venezuela, Bolívia e Chile) vão criar um plano de ação com metas e prazos, para combater a desertificação em seus territórios. A agenda comum está sendo elaborada por um grupo de trabalho formado por membros dos sete países, atualmente coordenado pelo Brasil. As atividades começaram a ser planejadas em uma reunião que terminou nesta sexta-feira (8/12), em Brasília, e deverão abranger educação ambiental, avaliação e monitoramento, troca de experiências e pesquisas de novas tecnologias.
A proposta de estabelecer uma estratégia conjunta de ação surgiu durante uma reunião de ministros de Meio Ambiente do Mercosul, em 2005. Na ocasião, criou-se o Grupo de Trabalho Ad Hoc de Luta contra a Desertificação, com o objetivo de elaborar as estratégias dos países para prevenir e recuperar áreas degradadas. “A idéia surge para combater o gargalo que a desertificação pode gerar. O problema tem que ser atacado em várias frentes e deve haver uma integração para isso”, afirma o diretor do grupo José Roberto de Lima, também coordenador do Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação, da Secretaria de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente.
As áreas em processo de desertificação, de acordo com ele, ocupam 76% do território argentino e 64,4%, do chileno. No Brasil, 16% do território está em fase de degradação, o que torna a população mais suscetível a piores condições de vida. Entre os mil municípios com pior IDH-M (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, uma adaptação do IDH aos indicadores regionais brasileiros), 70% (715) sofrem com os efeitos da desertificação. O grupo está realizando um levantamento para estimar quanto as áreas dos outros países são afetadas pelo problema.
O objetivo principal do plano de ação, destaca o coordenador, é integrar as atividades que já estão sendo desenvolvidas por cada país e fortalecer os trabalhos. “A desertificação não respeita território. Não adianta um cuidar e o outro não. Pretendemos intensificar a troca de experiências, fortalecer as capacidades, melhorar a avaliação e o monitoramento das áreas atingidas e elevar a produtividade agrícola”, diz.
Algumas experiências brasileiras estão sendo passadas para os países vizinhos. “A EMBRAPA [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária] tem desenvolvido uma série de pesquisas importantes. O Ministério do Meio Ambiente tem se destacado na organização de políticas que interligam diversos atores dentro do governo federal, Estadual, das prefeituras e da sociedade civil”, conta. Ele ressalta como exemplo também, uma atividade desenvolvida por uma organização não-governamental, a Associação do Semi-Árido, que desde julho de 2003 construiu 164.524 cisternas rurais, que acumulam água da chuva para os períodos de estiagem, por meio do Programa Um Milhão de Cisternas.
Os detalhes do plano foram discutidos durante a reunião que começou na quinta-feira e tem a participação também de representantes do Itamaraty, PNUD, do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura e da Cooperação Técnica Alemã. O resultado da reunião será submetido à aprovação dos ministros dos países envolvidos.
(Por Talita Bedinelli, PNUD Brasil, 08/12/2006)
http://www.pnud.org.br/meio_ambiente/reportagens/index.php?id01=2460&lay=mam