Dezenas de toneladas de lixo bóiam nos rios dos Sinos e Gravataí, que servem à Grande Porto Alegre. Nos dias em
que o vento Sul represa as águas, trechos ficam cobertos por carcaças de animais, garrafas de plásticos e outros
tipos de objeto.
- Fica quase impossível ver as águas do rio - constatou Pedro Manoel Marques, 64 anos, que a serviço do Club
Náutico Albatroz, em Canoas, tem a tarefa de retirar do Gravataí o lixo que bóia.
Além do lixo, no Sinos é comum encontrar peixes mortos ou agonizando por todos os cantos. Os detritos e as
carcaças dos animais são a parte visível da poluição. A parte invisível foi mostrada na edição de domingo (10/12)
de Zero Hora, que publicou o resultado de uma análise de amostras das águas dos dois rios e de sedimento do
Arroio Portão, origem de um recente desastre ambiental no Sinos. O exame da água, a pedido de ZH, foi feito pelo
laboratório Green Lab.
Entre os resultados dos testes, os mais alarmantes são a carência de oxigênio nas águas dos rios e a alta
concentração de cromo no sedimento do Arroio
Portão.
Presidente do Albatroz, Valcy Scherer Leites, relatou que, há alguns dias, o lixo danificou a hélice de seu barco
enquanto navegava pelo Gravataí.
- Tivemos de rebocar o barco - contou Scherer.
Segundo ele, há dias em que fica praticamente impossível navegar pelo Gravataí. A situação é semelhante no Sinos.
Experiente navegador do Instituto Martim Pescador, João Batista Chaves afirmou que há trechos no Sinos em que a
exploração clandestina de areia derruba as árvores das margens, represando o lixo e formando longos trechos
cobertos por garrafas plásticas.
- Navegar entre o lixo não é uma tarefa fácil. O problema não é apenas o dano ao barco causado pela sujeira. Mas
é triste ver o rio sujo - lamentou.
(Por Carlos Wagner,
Zero Hora, 11/12/2006)