Príncipe Charles busca dar exemplo ambiental: “estamos vivendo de crédito, vivendo um tempo emprestado”
2006-12-11
O príncipe Charles, do Reino Unido, comprometeu-se a trocar jatinhos e helicópteros pelo uso de transportes públicos e carros movidos a biodiesel. Aquecedores a lenha, bicicletas para seus funcionários em Londres, mais eficiência energética em suas casas de campo - o herdeiro do trono está determinado a reduzir suas emissões pessoais de carbono, num momento em que o combate ao aquecimento global é uma das prioridades na agenda política britânica.
"Estamos consumindo recursos do nosso planeta num ritmo tal que, com efeito, estamos vivendo de crédito, vivendo um tempo emprestado", alertou Charles. Alvo de piadas no passado ao admitir que conversava com as plantas em seu jardim para ajudá-las a crescer, Charles há anos defende, apaixonadamente, as causas ambientais, promovendo a agricultura orgânica e sustentável. Agora, ele leva sua cruzada para dentro de casa.
Sempre que possível, ele se compromete a deixar de lado os helicópteros particulares e os jatinhos fretados para embarcar em vôos de carreira e trens. Seus automóveis Jaguar estão sendo substituídos por modelos movidos a biodiesel.
Os funcionários do príncipe na residência oficial de Londres, a Clarence House, receberão duas bicicletas para circular pela capital. Numa cidade sempre engarrafada, o transporte sobre duas rodas pode ser mais prático, além de ambientalmente mais correto.
"Tentaremos reduzir nossas emissões de carbono em tudo, de viagens à forma como ele comanda seu próprio lar", disse um porta-voz do príncipe. "Vamos desligar as luzes sempre que possível e desligar os computadores quando não forem necessários. Ele e seus funcionários estão determinados a reduzir o impacto sobre o meio ambiente e fazer o que for necessário para lidar com esse problema enormemente importante", acrescentou.
Charles e sua mulher, Camilla, podem até mesmo restringir as férias no exterior. "O príncipe sabe como qualquer um que tudo se trata de uma responsabilidade individual e também coletiva", disse o assessor.
Rebelando-se contra o que chamou de "alimentos sem alma, produzidos em massa, que chegaram a dominar a dieta moderna", Charles também fez campanha para "reconectar" produtores e consumidores. Voltando às suas raízes orgânicas, ele oferece uma coleção real de receitas, em um novo livro de cozinha que glorifica a tão criticada culinária britânica.
(Por Paul Majendie, Reuters, 08/12/2006)
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