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2006-12-07
Nos últimos anos a tecnologia tem sido uma aliada de valor para as causas ambientais. No início dos anos 70 havia uma crença generalizada em que a ideologia ambientalista era uma inimiga do desenvolvimento econômico. "A poluição é o preço do progresso", dizia-se em reuniões de conselhos de grandes empresas multinacionais.

Em 1972, durante a primeira Cúpula Mundial sobre Meio Ambiente, chegou-se a dizer que os países do terceiro mundo não deveriam ter preocupações ambientais se desejassem superar sua condição de subdesenvolvidos. Vinte anos depois, na Cúpula do Rio, em 1992, uma pauta de compromissos ambientais foi formalizada na Agenda 21, onde governos de todo o planeta se sensibilizam com as necessidades das futuras gerações em termos de um ambiente saudável e um desenvolvimento econômico em harmonia com o futuro.

Não há mais um antagonismo aberto entre as necessidades ambientais e as metas de desenvolvimento econômico. Contudo, as tecnologias capazes de universalizar as metas de preservação ambiental e crescimento econômico ainda são pouco conhecidas e recebem atenção deficitária dos órgão de comunicação em geral. Meio ambiente ainda é um tema para iniciados na maior potência ambiental do planeta, o Brasil.

A partir de 1992 a imprensa brasileira passou a ter um interesse modesto em relação ao meio ambiente. No entanto, o momento mais importante da história ambiental brasileira e global deste final de século acabou sendo turvado - para o jornalismo brasileiro - pelo processo de impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello.

Durante a Cúpula do Rio a imprensa teve a grande oportunidade de acompanhar de perto as grandes questões globais do meio ambiente. Parte dela realmente fez isto, mas o processo político em Brasília infelizmente impediu que nosso jornalismo se dedicasse de corpo e alma ao debate ambiental.

Foi perdido um momento de ouro para a formação de um novo tipo de especialista no jornalismo, o profissional capaz de distinguir o fato e a verdade frente à militância das organizações não governamentais (ONGs) e o marketing verde adotados por algumas empresas que preferem investir em publicidade a gastar em aprimoramento de processos.

Na falta de especialistas para abordar, nos meios de comunicação, os temas ambientais, as editorias de meio ambiente que foram criadas no início dos anos 90 acabaram sendo abandonadas. Hoje muito poucos veículos mantém jornalistas dedicados à cobertura ambiental em seus quadros. O tema ambiental passou a ser tratado nas editorias de Geral, principalmente quando acontece alguma tragédia.

A repressão política dos anos 70 levou à criação de diversos jornais voltados para o debate sobre direitos humanos e política. Nos anos 90 a impossibilidade de se tratar os temas ambientais na grande imprensa levou à criação de diversas mídias direcionadas ao meio ambiente. Contudo, assim como suas co-irmãs políticas de vinte anos antes, estas mídias ainda não deixaram de formar uma "imprensa nanica".

O principal problema para o crescimento e democratização da informação ambiental hoje em dia é a falta de instrumentos de financiamento para estas mídias. Mídias são financiadas por publicidade e, infelizmente, nem as agências de publicidade nem as empresas que investem em marketing ambiental entenderam ainda a necessidade de direcionar verbas para veículos que não estão voltados para as necessidades de mercado, mas sim para as necessidades ambientais.

O cenário alternativo criado em torno das mídias ambientais levou empresas e agências de publicidade a atuarem no sentido de direcionar sua comunicação e marketing verde para as mídias convencionais. Com isso nem as mensagens ambientais recebem a devida atenção, nem as mídias que se dedicam à difusão de conhecimentos ambientais recebem o financiamento necessário. As agências de relações públicas e assessorias de imprensa, ao contrário, já descobriram que as mídias ambientais são um canal de comunicação bastante eficiente quando se trata de difusão de informações ambientais positivas, enquanto as mídias convencionais se concentram na cobertura de catástrofes e tragédias.

Meio ambiente e Internet
A Internet tornou-se, nos últimos anos, um instrumento fundamental de comunicação para todos os segmentos sociais e, para o meio ambiente não poderia ser diferente. A criação de cyber-ONGs, especializadas em militância ambiental pela rede, de publicações ambientais calcadas nos preceitos do bom jornalismo, como por exemplo a Envolverde, O Jornal do Meio Ambiente, O Eco, Ambiente Brasil e outros que estão surgindo mostra o potencial eclético deste instrumento de comunicação. Contudo, a rede é uma miscelânea desordenada de conhecimentos e informações que pode levar o leitor mais afoito a confundir qualidade da informação com a qualidade visual ou de qualquer outra manipulação tecnológica.

As tecnologias da informação são o novo front da batalha ambiental. Elas são as ferramentas para a difusão das tecnologias aplicadas ao meio ambiente, uma vez que a maior parte dos problemas enfrentados por empresas, cidades e sociedade em geral relacionados ao meio ambiente têm modos de solução ou prevenção já dominados, porém ainda não conhecidos do grande público.

Empresas, governos e sociedade usam da Internet para difundir seus produtos, políticas e interesses. Quanto mais informação circular entre estes três atores sociais, maior a possibilidade do encontro entre o problema ambiental e a tecnologia disponível para sua solução.
(Por Adalberto Wodianer Marcondes, Envolverde, 06/12/2006)
http://www.envolverde.com.br/materia.php?cod=25528&edt=1

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