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2006-12-07
As áreas de pastagem prestam à humanidade serviços ambientais avaliados em centenas de bilhões de dólares por ano. No entanto, somente 0,7% de sua superfície mundial está protegida. Com 39 milhões de quilômetros quadrados, quase um quarto da superfície das terras continentais, as pastagens são um dos ecossistemas mais extensos do planeta. Os mais destacados são as pradarias das Grandes Planícies da América do Norte, as estepes do leste da Europa e da Mongólia, as planícies da África do Sul, as planícies da Nova Zelândia e as da Argentina, do Brasil e Uruguai. Neles se assentam duas das atividades produtivas mais importantes: a agropecuária e a indústria florestal.

De fato, nessas regiões se produz grande parte das sementes, a carne, o leite, a lã, a madeira e o couro consumidos no mundo. Os dados não são novos. Segundo uma pesquisa de 1997 liderada por Robert Constanza, co-fundador da Sociedade Internacional para a Economia Ecológica, as áreas de pastagem absorvem cerca de 60 quilos de carbono por hectare ao ano, reduzindo o acúmulo na atmosfera desse gás que causa o efeito estufa que influi no aumento da temperatura terrestre. Se for atribuído um valor econômico ao “trabalho” das pastagens sobre o clima, este seria de 1,2 dólar anuais por hectares, que multiplicado pela superfície mundial de pastagens, chegaria a US$ 4,680 bilhões, de acordo com esse estudo.

A lista de serviços inclui regularidade do clima proteção e regeneração da fertilidade dos solos, controle de pragas, purificação da água e do ar, bem como capacidade para evitar as inundações e polinizar os cultivos, entre outros. A pesquisa de Costanza destacou que, apenas por estas propriedades, a Natureza deveria “cobrar” da humanidade US$ 900 bilhões por ano. Na América do sul, as áreas de pastagem do rio da Prata ocupam 760 mil quilômetros quadrados, cobrindo uma grande porção do centro da Argentina, quase todo o Uruguai e parte do Estado brasileiro do Rio Grande do Sul. Os pampas e campos foram e são a base da economia destes três países exportadores de matéria-prima.

“A sociedade conheceu essas áreas já transformadas em campos de cultivo ou de pastoreio para gado e cavalo, e, ao contrário das florestas ou dos mangues, são vistos pela sociedade (...) como o lugar onde se obtém o alimento, neste caso, grãos e carnes”, disse em uma entrevista Aníbal Parera, coordenador do projeto Alianças para a Conservação das pastagens Naturais e Pampas do Cone Sul Sul-americano, liderado pela organização conservacionista BirdLife International. “Historicamente, as sociedades humanas utilizam as pastagens como zonas de pastoreio ou os transformam e destinam a outros usos, como a agricultura o reflorestamento”, diz um informe da Fundação Vida Silvestre Argentina e o Fundo J. M. Kaplan, dos Estados Unidos.

O estudo, no qual trabalharam mais de 140 especialistas que identificaram as “Áreas Valiosas de Pastagem” nos pampas e campos da Argentina, do Uruguai e sul do Brasil, diz que nas últimas décadas a superfície deste bioma diminuiu entre 1% e 10% ao ano. “É um ecossistema em franca redução, e como comunidade biológica original praticamente já não existe”, afirmou Daniel Estelrich, professor da Faculdade de Agronomia da Universidade Nacional de La Pampa, na Argentina. “Hoje, grande parte dessas terras estão aradas ou cobertas por vegetação nova e modificada. Somente nas margens das estradas e das vias férreas costuma haver exemplares de plantas originarias”, acrescentou Estelrich na sede da faculdade, que fica na província de La Pampa.

Nas áreas de pastagens do mundo crescem cerca de 10 mil espécies, que formam a família dos pastos. Somente na América do Sul existem cerca de 553 gramíneas e habitam entre 450 e 500 espécies de aves, 60 delas naturais deste ecossistema, e cerca de uma centena de mamíferos, como o veado dos pampas (Ozotoceros bezoarticus), em risco de extinção. Apesar de sua extensão, somente 0,7% das planícies estão sob alguma proteção, uma condição que na América do Sul chega a apenas 0,3% do total, segundo informes da Fundação Vida Silvestre.

Diante da urgência em conservar este ecossistema, há anos se desenvolve o Projeto Aliança da Pastagem, que teve origem nos Estados Unidos, com a intenção de integrar a produção e a conservação. “Nos pampas, a atividade agropecuária pode estar conciliada com a conservação da biodiversidade’, propõe Pedro Develey, coordenador do Programa de Áreas Prioritárias BirdLife/SAVE Brasil. “Por essa razão é importante que os produtores tenham incentivos para poderem desenvolver a criação de gado de maneira tradicional”, acrescentou.

Develey afirmou que atualmente apenas 2% dos campos no Rio Grande do Sul permanecem intactos e que o maior problema é a expansão do cultivo da soja. “O desafio é buscar um selo verde para a carne produzida em campos naturais, onde a produção esteja integrada à conservação da flora e fauna”, ressaltou. Segundo Parera, a Sociedade e os governos deveriam se conscientizar da importância de conservar este ecossistema. “Seja entre cowboys, vaqueiros gaúchos, peões, os desafios da pastagem ao longo da América têm muito em comum”, por isso é preciso “compreender que vida silvestre e produção devem aliar-se”, disse Develey.
(Por Pabro D’Atri, IPS, 06/12/2006)
http://www.envolverde.com.br/materia.php?cod=25534&edt=1

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