Indígenas participam de revisão de mapa de áreas prioritárias para conservação
2006-12-07
Representantes de organizações indígenas estão reunidos hoje (7/12) em Manaus com técnicos do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e de organizações não-governamentais da área ambiental para participar da atualização do Mapa Nacional de Áreas Prioritárias para Conservação, Uso Sustentável e Repartição de Benefícios. A oficina, que vai até amanhã, não estava prevista no processo de revisão do documento e atende a uma reivindicação da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab).
"Temos aqui índios do Acre, Amazonas, Pará e Rondônia especializados nessa questão. Eles fiscalizam há anos suas terras e acho que têm conhecimentos que podem servir ao Ministério do Meio Ambiente", declarou à Radiobrás o coordenador do Departamento Etnoambiental da Coiab, Darcy Marubo. "A oficina é boa para o governo e para a gente. Temos que investir na proteção e desenvolvimento sustentável das terras indígenas, não adianta só demarcar. Não é admissível que continuem a morrer índios por desnutrição e que nossas áreas continuem a ser invadidas por madeireiros."
O representante da Secretaria de Biodiversidade e Florestas do MMA, Ronaldo Waighan, explicou que o mapa é um instrumento que ajuda a direcionar a aplicação de verbas em projetos de conservação da natureza e de desenvolvimento sustentável. Nele, as terras indígenas serão classificadas como áreas de prioridade extremamente alta, muito alta e alta. "Isso pode resultar em recursos maiores ou menores em fiscalização. Ou também se traduzir no tempo dos investimentos, porque a prioridade se desdobra em importância e urgência", explicou.
Para a coordenadora de Identificação e Delimitação de Terras Indígenas da Fundação Nacional do Índio (Funai), Juracilda Veiga, a análise das terras indígenas ajuda a mostrar a dimensão dos problemas ambientais enfrentados pelo órgão e a necessidade de reestruturação dele. "Hoje a Funai representa a proteção de 12% do território nacional, mas está realmente sucateada para enfrentar os desafios. Nossa coordenação, por exemplo, tem apenas seis antropólogos", revelou.
O mapa de áreas prioritárias em vigência atualmente foi elaborado entre 1998 e 2000, mas homologado apenas em 2004 pelo presidente Lula. O processo de revisão deverá ser concluído ainda neste ano, em uma reunião extraordinária do Conselho Nacional de Biodiversidade (Conabio), prevista para acontecer nos dias 19 e 20, em Brasília.
(Por Thaís Brianezi, Agência Brasil, 06/12/2006)
http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2006/12/06/materia.2006-12-06.2901540825/