Os peixes que vivem na altura da Usina do Gasômetro, no lago Guaíba, em Porto Alegre, apresentam atrofia nas nadadeiras e má formação dos ossos da cabeça. Diferentemente do que veiculamos nesta seção, com o título
Estudo constata que poluição causa anomalias em peixes do lago Guaíba (RS), em 30/11/06, as causas das anomalias não estão relacionadas à elevada concentração de coliformes fecais, mas ao conjunto de substâncias tóxicas e matéria orgânica lançados diariamente na região. As constatações são fruto de uma tese de doutorado realizada no Instituto de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
O impacto da poluição sobre o aspecto externo dos peixes também foi analisado em outros pontos da bacia: Saco da Alemoa, em Eldorado do Sul (delta do Rio Jacuí); foz do arroio Celupa e Praia da Alegria, ambas no município de Guaíba; Barra do Ribeiro; praia de Ipanema, em Porto Alegre; e os rios Caí, Gravataí e Sinos.
De acordo com os parâmetros estabelecidos pelo Conama, a qualidade da água varia de regular a ruim em toda a bacia. O monitoramento teve duração de dois anos.
A Usina do Gasômetro é a campeã em poluição e anomalias. As águas têm a mais alta concentração de coliformes fecais da bacia hidrográfica do Guaíba e apresentam baixa oxigenação.
O autor do trabalho, Fábio Flores Lopes, espera que os dados sirvam de alerta para as políticas públicas. "Constatamos que o problema existe, mas faltam estudos sobre em que nível está a degradação. Não se sabe o que pode estar provocando essa situação e as conseqüências disto para a sobrevivência dessas espécies", afirma.
A utilização de peixes como bioindicadores da qualidade da água já foi tema de análise do Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos da UFRGS (Ceclimar), que pesquisou as alterações no sistema imunológico dos peixes no rio Tramandaí, em 2002. No ano anterior, um trabalho do Centro de Genética da universidade constatou a contaminação em bagres e tainhas no mesmo rio, devido ao alto grau de poluição provocada por vazamentos nas plataformas da Petrobras em Imbé e Torres.
Leia mais sobre o assunto em
Estudo constata contaminação em peixes no Rio Tramandaí e
Poluição deixa peixes deformados.
(Por Ana Luiza Leal, AmbienteJÁ, 06/12/2006)