Projeto pretende ampliar cultivo de cana no Estado
2006-12-05
Gastando R$ 1,3 bilhão por ano na importação de 50 milhões de litros de álcool/mês para uso como combustível, o Rio Grande do Sul, sem tradição no cultuvo de cana-de-açúcar com propósitos industriais, começa a se acordar para essa possibilidade. O estado conta atualmente com uma produção de apenas 980 mil toneladas de cana em uma área plantada de 35 mil hectares, o que resulta em uma produtividade média de 28 toneladas/hectare, considerada baixíssima na opinião de técnicos do setor.
Com a criação em março da Câmara Setorial da Cana-de-açúcar, a Fundação de Estudos e Pesquisas Agropecuárias (Fepagro) começou a fazer o zoneamento, visanso a cultura intensiva de cana no estado. Segundo o agrônomo da Fepagro, Wilson Caetano, coordenador do Projeto Cana-de-açúcar, as melhores regiões são o Litoral Norte, de Torres a Viamão, a Depressão Central e o Alto Uruguai.
O objetivo do projeto é tornar o Rio Grande do Sul auto-suficiente na produção de álcool dentro de oito a dez anos. Para tanto, a Fepagro vem realizando testes com 34 variedades de cana nativas de São Paulo, Mato Grosso e Paraná, duas variedades da Argentina e duas do Uruguai, pela semelhança climática com o estado. Essas variedades estão sendo testadas nos municípios de Jabuticaba, São Borja, Palmeira das MissõesSanta Cruz do Sul, Jaguarão, Taquari, Viamão, Maquiné e Santo Antônio da Patrulha. Em São Luiz Gonzaga, no noroeste do estado, onde há um projeto de implantação de usina para produção de álcool, a Fepagro plantou 154 hectares com 18 variedades para fazer mudas. No ano que vem, querem palntar 1.500 hectares com as mudas e para 2008, quando se espera que usina esteja em operação, a projeção é ter 20 mil hectares plantados.
Depois dos testos que selecionarão as variedades com maior rendimento, a Fepagro vai repasar as mudas aos produtores. O projeto prevê que em 2008 já estejam provadas e repassadas 10 variedades. Com relação às variedades antigas, introduzidas no estado em 1954 e jpa aclimatadas, a Fepagro irpa promover uma limpeza, tirando fungos e vírus e fazendo uma caracterização molecular, para identificar que variedade.
A Fepagro também busca aumentar a produtividade da cana. O objetivo é atingir cerca de 80 toneladas/hectare, produtividade alcançada em São Paulo e no Paraná. "Se conseguirmos isto, vamos precisar de 367 hectares para atingir a auto-suficiência e com as áreas disponíveis nas regiões que estamos trablhando conseguiremos", garante o agrônomo.
Atualmente no RS, de acordo com o levantamento da Emater/RS, cerca de 70% (25 mil hectares) da produção tem como objetivo apenas o consumo na propriedade de produtos originados da cana. Somente 30% (10 mil hectares) da produção é destinada a propósitos industriais. Desse total, 7.500 hectares se destinam à produção de cachaça, rapadura, melado e açúcar mascavo para venda comercial, e 2.500 hectares para o fim específico de produção de álcool. A cidade de Porto Xavier tem a primeira e, até agora, a única rotina de produção de álcool no RS.
(Jornal do Comércio, 04/12/2006)
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