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energia nuclear na alemanha passivos da energia atômica aie
2006-12-04

Garantia de abastecimento, autonomia e mudança climática. Esses são os principais argumentos da indústria nuclear para vencer a resistência do público e promover a construção de novos reatores na Europa. Dados e análises sobre o assunto foram discutidos nos dias 22 e 23 de novembro em Berlim durante a conferência "Europa Investe de Novo em Energia Nuclear". Os mais de 200 participantes, entre consultores, parlamentares e executivos de empresas de energia operando usinas atômicas, vindos de 14 países do bloco, reuniram-se com o objetivo de homogeneizar o discurso para impulsionar os investimentos no setor.

E não é pouco dinheiro. Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA) até 2030 será necessário investir pelo menos US$ 20 trilhões para atender a crescente demanda por energia. Uma parte considerável desse valor pode ou deve ser usado para construir novos reatores atômicos.

O diretor da IEA, Claude Mandil foi um dos convidados do evento no luxuoso hotel Ritz-Carlton na Potsdammer Platz. Fez o discurso de abertura, repetindo o que já havia dito no início de Novembro ao lançar o World Energy Outlook 2006. "Eu não condenaria nenhum país por não ter energia nuclear, mas globalmente vários países terão que investir em usinas atômicas", sentenciou ele, justificando a certeza com um conceito ainda controverso: "o equilíbrio das fontes de energia".

O Tabu do Consumo
Indagado sobre se usinas atômicas seriam a melhor solução num cenário de escassez energética no curto prazo, como o projetado por um recente relatório britânico, Mandil admitiu que, nesse caso, "o melhor é pensar em eficiência energética e medidas para reduzir o consumo". O tema ainda é tabu na Europa, por isso os participantes da conferência preferiram manter o foco na disputa por novos investimentos e nas barreiras que persistem.

A Alemanha particularmente é o principal campo de batalha no momento para a indústria nuclear. Se o país mantiver o plano de fechar suas usinas atômicas até 2020, o exemplo deve afetar os investimentos globais para novos reatores. Atualmente, Bélgica e Suécia também programam desligar suas usinas, embora sem um prazo como no caso alemão. Fora isso, diversos outros países do bloco planejam investir ou vem sendo sondados para investimentos em novos reatores (veja lista abaixo).

Os franceses são os mais interessados no assunto. Além de terem quase 80% da sua eletricidade produzida por usinas atômicas, também possuem a maior empresa nuclear do mundo, a Areva com faturamento anual de mais de US$ 10 bilhões. Isso ajuda a entender porque quatro dos 14 palestrantes da conferência eram representantes de instituições francesas ligadas à área nuclear. E seus argumentos também foram especialmente contundentes. "Energia nuclear não é uma atividade baseada em fronteiras nacionais. Seja no caso de acidentes, ou para a produção de eletricidade. Falta consistência na política de países como Itália e Alemanha, que decidiram abrir mão da energia nuclear, mas que continuam importando essa eletricidade de usinas atômicas em outros países", provocou Philippe Herzog, presidente do instituto Confrontations Europe de Paris. Ex-membro do Parlamento Europeu (1989 - 2004) Herzog ainda ampliou o debate político, fazendo coro com seu colega da IEA: "Eu sei que as pessoas estão preocupadas com o meio ambiente, mas eu sei que elas também estão preocupadas com o seu padrão de vida".

Questão Política
Apesar da rivalidade cordial entre franceses e alemães, a maioria germânica presente no evento saudou tais colocações, principalmente na parte relativa à política interna alemã. "A Alemanha tem três razões para reavaliar seu plano energético: somos dependentes de fornecedores externos para 90% do abastecimento de óleo e gás, o preço hoje é quatro vezes maior que seis anos atrás e a mudança climática já é um fator de impacto econômico considerável para grande emissores de CO2", explicou Walter Hohlefelder, presidente do Fórum Atômico Alemão e membro do conselho de administração da E.On Energie AG, empresa que opera sete das dezessete usinas atômicas do país. Segundo ele, "seria imprudente não considerar a energia nuclear como uma alternativa ao petróleo, gás ou carvão".

Há outros argumentos favoráveis a uma maior independência européia do uso de combustíveis fósseis. "Somos totalmente dependentes de fornecedores externos para o nosso abastecimento de óleo e gás e isso limita a nossa soberania e autonomia política", opinou Rolf Linkohr, presidente do Centro Europeu de Estratégia Energética (C.E.R.E.S), principal promotor da conferência. Referindo-se à recente crise diplomática entre Europeus e russos (Veja lista de links no final do texto), Linkohr lembra que a questão energética vem afetando cada vez mais o posicionamento do bloco europeu frente a outras questões, como os direitos humanos. "Se dependemos fundamentalmente de um fornecedor externo, hesitamos e até temos medo de criticá-lo, mesmo que ele seja um déspota ou ditador", exemplificou ele.

Dúvidas Técnicas
Existem também discussões que remetem a questões de economia doméstica. "Se queremos realmente controlar as emissões de CO2 sem dobrar o preço da energia na Europa, nesse caso a energia nuclear deve ser uma das possibilidades de investimento", avaliou Edit Herczog, deputada húngara do Parlamento Europeu. "Agora, se o público aceitar pagar um preço muito mais alto pela eletricidade consumida, ou preferir o risco do aumento das emissões de CO2, em vez de lidar com os problemas da energia nuclear, então poderemos viver sem usinas atômicas", completou.

Na UE a dúvida que persiste é sobre qual a melhor alternativa para substituir a queima de gás e petróleo. Nesse ponto, a política de energia da Alemanha representa um parâmetro indicando o caminho a ser seguido pelo bloco. Em outras palavras: a batalha agora é para rever o cronograma de desligamento das usinas nucleares alemãs. "Precisamos de um novo programa energético, onde a energia nuclear tenha um papel à altura do seu potencial", defende Walter Hohlefelder, admitindo que o desafio é gigantesco do ponto de vista político. "Há um bloqueio a essa discussão imposta pela atual coalizão de governo". Não rediscutir o plano de desligamento das usinas atômicas foi uma imposição na negociação entre Sociais Democratas (SPD) e Democratas Cristãos (CDU) para formar o bloco que sustenta a primeira-ministra, Angela Merkel.

Mas romper esse bloqueio também passa pela resolução de controvérsias técnicas, que ficaram evidentes durante as discussões da conferência. A maioria dos técnicos presentes tratou do problema do lixo atômico como uma questão "cientificamente ainda não equacionada".

Já o suíço Hans Issler, presidente da Associação Suíça para Armazenamento de Lixo Nuclear (Nagra), botou o dedo na ferida, causando um certo desconforto em alguns presentes. "É fundamental admitir que nós não temos experiência suficiente para garantir a segurança da disposição final de resíduos radioativos", lembrou ele. "Estou falando de centenas de anos ainda necessários para acumular conhecimento sobre como esses materiais se comportam sob certas condições de armazenamento e quais os impactos disso". Formado em Física pela universidade de Zurich, Issler conta com a experiência de quem administra a questão num país com 40% da eletricidade produzida por usinas atômicas e onde a construção de novas plantas é condicionada a referendo popular. "O problema não resolvido do lixo radioativo continua sendo um forte argumento contra a construção de novos reatores", admitiu ele.

Leia Também: O perfil da Energia Nuclear na Europa

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