Cadeia da madeira quer que o controle de áreas florestadas passe da Sema à Secretaria de Agricultura do RS
2006-12-01
Representantes da cadeia produtiva de móveis e madeiras do Rio Grande do Sul elaboraram um documento, durante encontro na Federação das Indústrias do Estado (Fiergs), para ser entregue aos governos estadual e federal. O texto cobra medidas para incentivar o crescimento do setor e incentivar as vendas externas. "Precisamos de políticas permanentes para sustentar e estimular o crescimento de empresas de móveis e madeiras", afirmou o presidente da Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul (Movergs), Luiz Attilio Troes.
Os produtores pedem um programa de fomento à tecnologia para fornecedores de insumos às fábricas da cadeia, considerado fundamental para aumentar a competitividade dos produtos finais. Também serão cobradas políticas do governo federal para divulgar os móveis brasileiros no exterior. Atualmente, o setor participa de ações da Agência de Promoção de Exportações e Investimentos do Brasil (Apex-Brasil), mas reivindica um plano específico para si. "Seria fundamental para mostrar nosso produto para o mundo e ampliarmos as exportações", resume Troes.
Questões ambientais também preocupam os empresários da cadeia. Uma das demandas é passar o controle de áreas reflorestadas para Secretaria Estadual da Agricultura, tirando-o da Secretaria do Meio Ambiente (Sema). Serafim Gabriel Quissini, presidente do Sindicato Intermunicipal das Indústrias Madeireiras do Rio Grande do Sul (Sindimadeira), afirmou que, como o órgão ambiental tem seu foco na preservação, acaba dificultando a atividade das madeireiras legais. "Entendemos que a Sema deve se responsabilizar em acompanhar áreas nativas, uma vez que as reflorestadas são praticamente locais de cultivo", disse. Já Troes defende que é preciso mais debate sobre o assunto, uma vez que hoje não fica claro para as empresas os limites legais de preservação e reflorestamento.
O dirigente cita o exemplo da polêmica gerada com o anúncio de investimento das empresas de papel e celulose Aracruz e Votorantim no Estado. Embora não haja estudos técnicos mostrando o impacto ambiental das florestas exóticas, manifestações ambientais se espalharam pelo Estado. "Temos uma política ambiental com muitos entraves burocráticos e que dá margem para muitas opiniões. É preciso que haja mais comprovação", reclama Quissini. A Movergs participa de um levantamento que, em dez anos, mostrará se é possível reflorestar sem causar danos ao meio ambiente. "Esperamos, com isso, aumentar as áreas plantadas no Rio Grande do Sul".
Apesar das reivindicações, Troes explica que o apoio do governo estadual tem sido fundamental para o melhor desenvolvimento do setor, com ações como o programa Proflora da CaixaRS, que financia projetos de plantio. O trabalho conjunto deve possibilitar, por exemplo, que o PIB do setor no Estado, hoje em torno de R$ 3,5 bilhões, dobre nos próximos anos.
(Jornal do Comércio, 01/12/2006)
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