Pelo menos uma das duas usinas de biodiesel que a Petrobras planeja construir no Estado
extrairá o combustível do sebo bovino.
A empresa assinou, recentemente, memorando de entendimento com o Frigorífico Mercosul, que
fornecerá a gordura animal. O mesmo documento foi firmado com as cooperativas de pequenos
agricultores Biopampa, da Zona Sul, e Cooperbio, do nordeste gaúcho, que entregarão óleo
vegetal às plantas.
Atualmente, os resíduos dos abates são vendidos por frigoríficos a graxarias, nas quais o sebo
vira matéria-prima para fabricação de produtos como sabão e detergente. O preço médio do
produto no mercado é de R$ 0,90. Transformar o produto gorduroso em biodiesel seria uma forma
de valorizá-lo.
- Sabemos que o projeto é viável. Nós temos o sebo, a Biopampa tem interesse de produzir o óleo
vegetal e a Petrobras está disposta a levar esse projeto adiante - afirma Claudinei Perez,
diretor do Mercosul.
O frigorífico Mercosul abate uma média de 4,2 mil cabeças por dia. Pelo projeto gestado em
conjunto com a Petrobras, a gordura animal proveniente da empresa seria responsável
inicialmente por 2% do biodiesel e, após, por 5% do máximo de 120 milhões de litros de
biodiesel que a usina produziria por ano. O restante viria do óleo extraído de vegetais
produzidos por 20 mil agricultores ligados à Biopampa.
- O biodiesel de sebo teria de ser misturado ao vegetal, porque há uma dificuldade: esse
produto sozinho fica sólido com as temperaturas mais baixas que temos aqui no Estado - afirma
Valdinei de Matos, presidente da Biopampa.
Na cidade de Lins, em São Paulo, o frigorífico Bertin, o maior do país, já instalou uma usina
de biodiesel para tocar o novo projeto.
(Por Sebastião Ribeiro,
Zero Hora, 01/12/2006)