Considerada uma das cidades mais bem arborizadas do Estado, Santa Cruz do Sul corre o risco de perder essa
característica. O alerta foi feito na Câmara pelo vereador André Scheibler (PTB), que pede maior
fiscalização por parte do Departamento Municipal do Meio Ambiente (Dema).
De posse de fotografias, de diversos pontos da cidade, disse que está se tornando comum a retirada de
árvores do passeio público sem que sejam substituídas, como estabelece a lei. O mais grave, segundo ele, é
que em muitos locais as calçadas são reformadas e o espaço para o plantio simplesmente é fechado. “Se
continuar assim, a médio e longo prazos não teremos mais sombras nas ruas.”
Scheibler comentou que, há poucos dias, na Rua Coronel Oscar Jost, um ingá foi dizimado por estar encobrindo
um outdoor. O mesmo problema ocorre na frente de lojas que querem dar mais visibilidade às vitrines e
letreiros. “Até entendo essa posição. Mas em primeiro lugar deve ser analisada a situação dos pedestres, que
merecem um ambiente mais agradável nos dias de calor.”
Outra situação que está se tornando comum, explicou o vereador, é a troca de árvores por arbustos ou até
folhagens. “Há locais onde estão colocando vasos no lugar delas.” O petebista está solicitando que o Dema
aja com mais rigor, notificando quem estiver errado.
TROCA – O coordenador do departamento, agrônomo Clero Ghisleni, disse que o setor, dentro dos seus
limites de pessoal, vem fiscalizando e exigindo as correções. Nos pedidos das lojas, explicou que cada caso
é analisado individualmente e que as autorizações são restritas e sempre condicionadas à reposição.
As liberações para o corte radical são dadas apenas quando a planta representar risco ou estiver
atrapalhando a entrada de garagem. Uma árvore que tem boas chances de ser cortada é a legustro, pois causa
alergia em muitas pessoas. Em todos os casos, no entanto, deve ocorrer a substituição por outra muda
indicada pelo Dema.
Patrimônio público
De acordo com Clero Ghisleni, até o fim do ano o Dema receberá o reforço de um estagiário da área
ambiental. Ele fará um inventário da arborização da área central. Além de avaliar a situação das plantas,
serão indicadas as necessidades de reposição. “A partir daí, faremos uma programação de replantio.”
Explicou que as árvores do passeio são patrimônio do município. Com isso, apenas a Prefeitura pode autorizar
remoções e substituições. Há casos em que o requerente do corte é autorizado a fazer o replantio, mas dentro
do que for determinado pelo Dema.
Ainda ressaltou que não existe nenhum estabelecimento comercial, industrial ou bancário da cidade que esteja
autorizado a eliminar as árvores das calçadas. O mesmo ocorre em relação às residências.
Tuias são proibidas
Além de cortarem as árvores do passeio, muitas pessoas estão fazendo a substituição por espécies
inadequadas, como a tuia. Ghisleni explicou que ela, além de ocupar muito espaço quando adulta, interfere na
própria fauna. Por isso, seu plantio nas ruas é proibido. Os proprietários estão sendo notificados para
retirá-las e, em maio e junho, deverão plantar mudas indicadas pelo Dema.
Segundo ele, as árvores do passeio têm uma importância muito grande na qualidade de vida das cidades. Além
de propiciar conforto térmico, retêm os gases e partículas emitidas pelos veículos, reduzem o nível ruídos e
oferecem abrigo para os pássaros e sombreamento para os pedestres e veículos estacionados.
(Por José Augusto Borowsky,
Gazeta do Sul, 30/11/2006)