(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
2006-12-01
O curry indiano pode ser ainda mais "quente" do que certos apimentadíssimos pratos chineses; o mesmo pode-se dizer das temperaturas dessas duas economias. Apesar das afirmações generalizadas de que a economia da China está superaquecendo, é a Índia que mostra mais sinais de fervura.

Nos 12 meses até o terceiro trimestre, o PIB indiano cresceu notáveis 9,2%, ao passo que as estatísticas da China revelam crescimento ainda mais surpreendente, de 10,4% nos 12 meses até o terceiro trimestre. Mas para aferir se uma economia está aquecida demais, é preciso comparar essa expansão da demanda real com a oferta potencial, ou seja, a taxa sustentável de crescimento. Apesar do surto de crescimento indiano nos últimos anos, seu ritmo sustentável continua muito abaixo do chinês, o que põe sua economia sob maior risco de superaquecimento e de inflação.

O crescimento chinês da ordem de dois dígitos pode parecer um sinal de perigo, mas há poucos dos problemas habituais. A inflação é de só 1,4%, e a China tem um crescente superávit em conta corrente, o que sugere excesso de oferta, e não demanda excessiva. E a valorização dos preços de ativos não parece particularmente excessiva. Os preços médios das moradias subiram menos de 6% nos últimos 12 meses. E os preços das ações subiram apenas 42% nos últimos quatro anos. Até mesmo a expansão do crédito bancário ficou mais lenta, caindo para um taxa anual de 15%, não muito mais rápida que o crescimento do PIB nominal.

Em contraste, a economia indiana exibe um alarmante número de sinais de que as coisas foram longe demais. A inflação nos preços ao consumidor subiu para quase 7%, bem acima da taxa média asiática de 2,5%. Um recente relatório de Robert Prior-Wandesforde, do HSBC, detectou muitos outros sinais de excesso. Por exemplo, num levantamento envolvendo 600 empresas conduzido pelo Conselho Nacional de Pesquisas Econômicas Aplicadas, espantosos 96% das empresas informaram estar operando próximas a (ou acima de) seus níveis ótimos de utilização de capacidade - o maior percentual já registrado. As empresas estão também sujeitas a uma grave escassez de mão-de-obra qualificada, e os salários estão disparando. Os custos salariais totais das empresas nos seis meses até setembro foram 22% mais altos que um ano antes, em comparação com um aumento médio em torno de 12% nos quatro anos anteriores.

A conta corrente indiana, de um superávit de 1,5% do PIB em 2003, converteu-se numa previsão deficitária de 3% para este ano - um sinal clássico de demanda excessiva. Os empréstimos bancários totais cresceram 30% nos últimos 12 meses, próximos do mais rápido crescimento já registrado no país. Os mercados acionário e habitacional indianos também parecem alvo de uma bolha de investimentos. Propostas formuladas pelo BC para limitar a exposição dos bancos aos mercados acionários e conter empréstimos irresponsáveis atenuaram apenas moderadamente o otimismo. Os preços das ações estão quase quatro vezes acima de seu nível no início de 2003. A atual relação preço/lucro (20) nas bolsas indianas está bem acima da média (14) para todos os mercados emergentes asiáticos.

Os preços das moradias também atravessaram o telhado: Chetan Ahya, do Morgan Stanley, estima que os preços nas grandes cidades mais do que dobraram nos últimos dois anos. Os financiamentos habitacionais deram um salto de 54% nos doze meses até junho (segundo as estatísticas disponíveis mais recentes) e os empréstimos para aquisição de propriedades comerciais cresceram 102%.

As autoridades governamentais indianas parecem relutantes em admitir que o crescimento econômico ultrapassou seu limite de velocidade no curso dos últimos três anos. Elas preferem acalentar a crença de que a Índia tornou-se outra China, capaz de continuar crescendo cada vez mais rápido sem crescimento da inflação. Palaniappan Chidambaram, o ministro das Finanças, disse que a economia indiana continuará a crescer mais de 8% nos próximos anos.

A taxa da crescimento potencial indiana quase certamente cresceu, mas continua longe da chinesa. Prior-Wandesforde estima que ela esteja hoje em torno de 6,5%, uma alta em comparação com 5% no fim da década de 80. Mas a recente aceleração indiana reflete, em larga medida, um boom cíclico, devido às frouxas políticas monetária e fiscal. O Banco da Reserva da Índia (banco central) elevou uma de suas taxas de juros básicas em 1,5 ponto percentual, para 6%, ao longo dos últimos dois anos, mas a inflação subiu mais que isso, de modo que as taxas de juros reais caíram e estão historicamente baixas. Isso torna a economia mais vulnerável a um pouso brusco.

A Índia não pode crescer tão rápido quanto a China sem disparar a inflação, devido à sua taxa de investimento mais baixa, especialmente em infra-estrutura, e à escassez de mão-de-obra. As mais recentes estatísticas para o ano fiscal até março de 2005 situam o investimento total em 30% do PIB, em comparação com mais que os 45% oficialmente declarados na China.

Alguns observadores, porém, crêem haver um boom de investimentos. Um recente relatório de Surjit Bhalla, da Oxus Investments, empresa de pesquisas econômicas e administradora de um fundo de hedge, causou alvoroço, ao estimar que os investimentos no ano findo em março de 2007 chegarão à faixa de 38% a 42% do PIB. Tais investimentos, diz ele, permitiriam à Índia sustentar um crescimento anual de 10% para o PIB.

Infelizmente, a estimativa de investimentos apresentada por Bhalla é quase certamente alta demais. A menos que a poupança (29% do PIB em 2004-05) tenha também registrado forte crescimento ao longo dos últimos dois anos, uma taxa de investimentos de 40% implicaria um déficit em conta corrente (necessariamente igual à diferença entre a poupança e o investimento) próximo de 10% do PIB. Isso não é coerente com os números do comércio e, de todo modo, dificilmente seria um sinal de saúde econômica. Tampouco parece provável um crescimento significativo da poupança, em vista dos aquecidos gastos do consumidor neste ano e de apenas uma moderada redução do déficit orçamentário do governo.
( The Economist , 01/12/2006)

desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -