A pecuária já representa um quinto do total de emissões de gases que provocam o efeito estufa - o superaquecimento do planeta- , segundo informe divulgado pela FAO (Agência para Agricultura e Alimentação da ONU). Os gases do esterco e da flatulência dos animais, o desmatamento para criar pastagem e a energia usada nas fazendas fazem com que os rebanhos respondam por 18% dos gases do efeito estufa.
No estudo "A grande sombra da pecuária", a FAO sugere que o setor resolva o problema, dadas as projeções de que a produção global de carne mais que dobrará dos 229 milhões de toneladas entre 1991-2001 para 465 milhões de toneladas até 2050 e de alta similar na produção de leite. "A pecuária é um dos causadores mais significativos dos problemas ambientais mais sérios da atualidade", diz Henning Steinfeld, autor do estudo. "São necessárias ações urgentes para remediar a situação".
Embora produza uma proporção relativamente pequena - cerca de 9% - do principal gás causador do efeito estufa, o dióxido de carbono (CO2), esses rebanhos emitem grandes quantidades de outros gases que também provocam o problema. A pecuária provocou entre 35% e 40% das emissões de metano (CH4) e 65% das de óxido nitroso (N2O), que tem potencial 296 vezes maior que o CO2.
Além da ameaça ao clima, o aumento dos rebanhos - que cresce a um ritmo mais rápido que a produção de grãos - polui a água e reduz a área de florestas para dar lugar a pastagens. A FAO destaca que o setor agrícola precisa criar formas para reduzir as emissões, como adaptar a dieta dos animais.
(Por Bettina Barros,
Valor Econômico, 30/11/2006)