Os peixes que vivem na altura da Usina do Gasômetro, no lago Guaíba, em Porto Alegre, apresentam atrofia nas nadadeiras e má formação dos ossos da cabeça. As anomalias estão relacionadas à média elevada de coliformes fecais - a mais alta da bacia hidrográfica do Guaíba - e à baixa oxigenação da água na região. As constatações são fruto de uma tese de doutorado realizada no Instituto de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
O impacto da poluição sobre o aspecto externo dos peixes também foi analisado em outros pontos da bacia: Saco da Alemoa, em Eldorado do Sul (delta do Rio Jacuí); foz do arroio Celupa e Praia da Alegria, ambas no município de Guaíba; Barra do Ribeiro; praia de Ipanema, em Porto Alegre; e os rios Caí, Gravataí e Sinos. A Usina do Gasômetro é a campeã em poluição da água e anomalias.
De acordo com os parâmetros estabelecidos pelo
Conama, a qualidade da água varia de regular a ruim em toda a bacia. O monitoramento teve duração de dois anos.
O autor do trabalho, Fábio Flores Lopes, espera que os dados sirvam de alerta para as políticas públicas. "Constamos que o problema existe, mas faltam estudos sobre em que nível está a degradação. Não se sabe o que pode estar provocando essa situação e as conseqüências disto para a sobrevivência dessas espécies", afirma.
A utilização de peixes como bioindicadores da qualidade da água já foi tema de análise do Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos da UFRGS (Ceclimar), que pesquisou as alterações no sistema imunológico dos peixes no rio Tramandaí, em 2002. No ano anterior, um trabalho do Centro de Genética da universidade constatou a contaminação em bagres e tainhas no mesmo rio, devido ao alto grau de poluição provocada por vazamentos nas plataformas da Petrobras em Imbé e Torres.
Leia mais sobre o assunto em
Estudo constata contaminação em peixes no Rio Tramandaí e
Poluição deixa peixes deformados.
(Por Ana Luiza Leal, AmbienteJÁ, 30/11/2006)