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2006-11-29
Gotas de água presentes nas nuvens árticas podem ser uma das causas do aquecimento global terrestre. A hipótese foi levantada depois que cientistas norte-americanos e canadenses descobriram que elas possuem grande quantidade de água líquida super-refrigerada, encontrada inclusive em nuvens com temperaturas mínimas (cerca de -30º C).

“Se uma nuvem no Ártico é composta por gotas de água, ao invés de cristais de gelo, isso muda como elas irão interagir com a superfície e a atmosfera terrestres para refletir, absorver e transmitir a radiação,” disse a chefe do Grupo de Pesquisas de Nuvens e do Ártico do Laboratório de Pesquisas dos Sistemas Terrestres do NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration), Taneil Uttal.

Os dados revelam uma nova ciência, movida pelo fato de que todos que fazem previsões do tempo dizem que as nuvens provavelmente são o maior mistério para se entender o aquecimento global. Uttal, e outros cientistas fazem suas pesquisas a partir da Estação Meteorológica de Eureka, em Nunakut, no norte do Canadá, onde muitos povos Inuit estão vendo seu habitat derreter.

Eureka, um laboratório estabelecido conjuntamente pelo Canadá e Estados Unidos em 1947, está equipado com instrumentos que mais parecem invenções de ficção científica, como o espectrofotômetro de ozônio, e o lidar troposférico (uma fusão de ‘light’ e radar, que utiliza laser para detectar partículas atmosféricas).

As novas tecnologias ajudam a entender melhor o impacto das nuvens sobre a temperatura na superfície da Terra. As nuvens que estão sendo estudadas no laboratório vão desde nove quilômetros de altura até quase tocar o chão. “Por algumas décadas, acreditamos que gotas de água líquida super-resfriada poderiam existir nas nuvens. Mas a sua predominância nas nuvens do Ártico não era conhecida antes destes sensores especializados entrarem em operação no Ártico há cerca de oito anos”, explica Uttal.

A pesquisadora se diz muito eufórica com a possibilidade de rastrear uma camada de aerosol ou uma nuvem de poeira asiática desde a fonte e medir o seu efeito. Uttal percebeu que a probabilidade das nuvens com água esquentarem a atmosfera Ártica é maior que as com gelo, já que as nuvens com líquidos retêm mais calor irradiado pela superfície da Terra. “Isto significa que a proporção gelo-água das nuvens pode ser muito importante para o controle da temperatura da superfície do Ártico e como ela derrete,” disse.

Inuits sem terra
Em Nunavut, o derretimento está sendo fortemente sentido. “Antigamente, tínhamos dez meses de inverno, agora são seis. Além disso, a cada ano o inverno chega mais e mais tarde”, disse o líder Inuit e Ministro do Meio Ambiente de Nunavut, Simom Awa.

Estudos demonstram que a média da temperatura do inverno aumentou até sete graus no Ártico ao longo dos últimos 50 anos. O permafrost (solo continuamente congelado por pelo menos dois anos) está derretendo, prejudicando os ursos polares e forçando outros animais a migrarem mais para o norte.

“A maior parte da população mundial não sentiu realmente o aquecimento global, mas no Ártico e em Nunavut, estamos realmente preocupados, pois já estamos sendo afetados. Somo um termômetro do mundo para o que poderia acontecer”, afirma Awa.
(Equipe CarbonoBrasil com informações da Associated Press, 28/11/2006)
http://www.carbonobrasil.com/noticias.asp?iNoticia=16342&iTipo=5&idioma=1

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