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2006-11-29
Está em curso uma das maiores ações já realizadas em unidades de conservação federais no Amapá: a segunda expedição à área norte da Reserva Biológica (REBIO) do Lago Piratuba, iniciada em 7/11, que coletará dados da diversidade biológica existente em uma das regiões de mais difícil acesso do estado. As informações irão subsidiar o Plano de Manejo da unidade de conservação, em fase de elaboração, que determinará as atividades permitidas no interior e entorno da área protegida, orientando sobre o uso e manejo dos recursos naturais.

Composta por 90 pessoas e coordenada por analistas ambientais da Superintendência do Ibama no Amapá, a equipe reúne 40 pesquisadores, entre profissionais dos Institutos de Pesquisas Científicas do Estado do Amapá (IEPA) e de Pesquisas da Amazônia (INPA), do Museu Paraense Emílio Goeldi, e das Universidades Federais do Amapá (UNIFAP), do Pará (UFPA) e do Maranhão (UFMA). Participam ainda técnicos da Secretária de Estado do Meio Ambiente (SEMA) e do Instituto de Desenvolvimento Rural do Amapá (RURAP), além de oficiais do 34º Batalhão de Infantaria de Selva (BIS) que atuam na função de socorristas em situações de resgate. Cerca de 30 comunitários que atuam como pilotos, guias, práticos e responsáveis pela alimentação completam a equipe, que atuará na região até o dia 30 deste mês.

Entre as áreas pesquisadas, estão mamíferos, insetos, aves e morcegos, incluindo levantamentos de espécies de samambaias e avencas. Como a unidade abriga diversos lagos em seu interior, estão sendo desenvolvidos estudos sobre a qualidade da água e as espécies que se desenvolvem em ambientes aquáticos ou vivem parte de seu ciclo biológico em substratos, como caranguejos, camarões e lavras de insetos, bem como pesquisas sobre algas, lavras de peixes e peixes. Na área de répteis, foi incluída a realização de um censo sobre os jacarés. Também serão analisados aspectos da geologia e da geomorfologia da região.

A complexidade de uma operação desse porte exigiu um planejamento minucioso, especialmente em relação à logística. “O acesso à água potável é muito difícil nessa época do ano na vila de Sucuriju. Trouxemos água para consumo pessoal e fazemos abastecimento periódico na cidade de Amapá”, relata a analista ambiental Patrícia Pinha, chefe da Rebio do Lago Piratuba e coordenadora da expedição. Toda a água consumida durante a expedição foi transportada nas embarcações que servem de base para a equipe. O transporte é realizado em pequenas embarcações a motor, conhecidas por voadeiras, até os locais de estudo acessíveis por via fluvial: os lagos próximos ao Sucuriju, áreas da costa norte e leste da unidade e a região do igarapé Macarri, que integram o cinturão lacustre oriental. Apesar das dificuldades, os resultados são animadores. “O mais importante nessa expedição é que iremos acessar a área central onde, até o momento, não foi realizado nenhum levantamento científico”, afirma Patrícia Pinha. Com apoio do Núcleo de Operações Aéreas (NOA) da Diretoria de Proteção Ambiental (DIPRO), a equipe pretende alcançar áreas acessíveis somente por via aérea: a área central e o extremo noroeste da reserva.

A iniciativa encerrará o ciclo de expedições científicas promovidas pelo Ibama e parceiros na REBIO Piratuba. As duas primeiras ocorreram em 2005, no cinturão lacustre meridional na região sul da unidade, abrangendo o baixo curso do rio Araguari; a terceira ocorreu em junho deste ano, na região norte. Com os resultados dos diagnósticos, a equipe pretende finalizar a elaboração do Plano de Manejo, a ser apresentado até o final de 2007.

Sucuriju
A vila de Sucuriju é uma pequena comunidade de, aproximadamente, 600 moradores, localizada na foz do rio de mesmo nome, ao norte da foz do rio Araguari, região que compõe o Cabo Norte, na costa do município de Amapá (AP). O acesso à localidade ocorre apenas através do mar, em viagens que duram em média 12 horas, equivalente a duas marés. A maior dificuldade é o acesso à água potável pois, em função da proximidade com o Oceano Atlântico, as águas do rio Sucuriju são salobras e o abastecimento é feito apenas através da coleta e armazenamento das águas das chuvas em cisternas. No verão, ocorre o racionamento, sendo distribuídos semanalmente apenas 30 litros de água por pessoa. A expedição movimenta a economia local, baseada quase que exclusivamente na atividade pesqueira, com a participação dos comunitários na equipe de apoio e o aluguel do barco “Cabo Norte” pertencente à Associação de Moradores da Vila de Sucuriju.

REBIO Piratuba
Segunda unidade de conservação mais antiga do Amapá, a Reserva Biológica do Lago Piratuba foi criada em 16 de julho de 1980 e ocupa uma área de 357.000 ha, abrangendo dois municípios amapaenses: Tartarugalzinho e Amapá, incluindo na sua faixa litorânea o lado norte da foz do rio Araguari e o entorno do Cabo Norte. O seu limite sul fica na margem esquerda do mesmo rio Araguari. Possui diversos corpos aquáticos interiores, como os lagos Comprido e Piratuba, que formam a chamada “região dos lagos”. A vegetação tem formação pioneira, campos inundáveis, manchas de floresta tropical úmida densa de planície aluvial, manguezais e manchas de cerrado. Instituída com o objetivo de preservação integral da biota e dos atributos naturais existentes em seus limites, a unidade sofre pressões pela prática de atividades pecuárias como a criação de búfalos na área de entorno e a ocorrência de incêndios florestais. A unidade está inserida no Programa Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA).
(Por Patrícia Sullivam, Ibama, 28/11/2006)
http://www.ibama.gov.br/novo_ibama/paginas/materia.php?id_arq=4737

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