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emissões de co2
2006-11-29

Apesar dos esforços para conter o avanço dos danos ambientais, o ritmo das emissões de carbono no mundo mais que duplicou entre 2000 e 2005, de acordo com uma nova estimativa. Segundo a rede mundial sobre o tema, Global Carbon Project, as emissões vinham crescendo a menos de 1% anualmente até o ano 2000, mas agora já aumentam a uma taxa de 2,5% ao ano.

Segundo a organização, a aceleração se deve sobretudo ao aumento do uso de carvão e à falta de ganhos na eficiência do uso da energia. Os dados foram divulgados em um encontro científico na Austrália. Um dos coordenadores do projeto, Mike Rapauch, que também faz pesquisas para o governo australiano, disse aos delegados do encontro que 7,9 bilhões de toneladas (gigatones, Gt) passaram à atmosfera no ano passado; em 2000, haviam sido 6,8 Gt.

As conclusões estão em linha com estatísticas divulgadas no início deste mês pela Organização Mundial de Meteorologia, que também acusaram o maior ritmo das emissões de carbono na atmosfera.

Pesquisas intensas

O projeto colheu suas informações em uma variedade de fontes, incluindo medidas de níveis de dióxido de carbono na atmosfera e estudos sobre o uso de combustíveis fósseis. Desses dados, os pesquisadores extraíram duas possíveis explicações para o aumento das emissões. “Houve uma mudança na tendência em relação à intensidade do uso de combustíveis fósseis, que é basicamente a quantidade de carbono que se necessita queimar para produzir determinada quantidade de riqueza”, explicou Corinne Le Quere, membro do projeto.


 No momento, assumimos que resolveremos o problema controlando a demanda; mas (a estratégia) claramente não está funcionando. “A partir de mais ou menos 1970, a intensidade diminuiu – nos tornamos mais eficientes ao usar a energia. Mas temos piorado desde o ano 2000”, ela afirmou à BBC. “A outra tendência é a de que, junto com o aumento do preço do petróleo, a queima de petróleo seja substituída pela queima de carvão, que é mais poluente em termos de carbono.”

Os dados do projeto não conseguem precisar onde isto está ocorrendo, mas há evidências de que mais carvão esteja sendo queimado em partes da Ásia e da África. Há indícios também de que o aumento da temperatura global tenha tornado menos eficientes os reservatórios naturais – ou ecossistemas – que absorvem naturalmente o CO2. Mas Le Quere explicou que não há evidência de que esse processo esteja acontecendo sistematicamente.

“Os reservatórios têm sido muito afetados por estiagens recentes, especialmente no hemisfério norte”, ela disse. “Mas os oceanos (os maiores reservatórios naturais) parecem relativamente estáveis, e não parece haver uma tendência global.”

Limites

O Painel Internacional sobre Mudança Climática (IPCC, sigla em inglês) – órgão responsável por coletar e analisar dados sobre o clima – usará as informações para determinar como as emissões devem mudar ao longo do tempo. “A essas taxas, parece que chegaremos aos níveis máximos desenhados nos cenários do IPCC”, comentou um dos principais pesquisadores britânicos sobre o clima, Myles Allen, da Universidade de Oxford.


Manifestantes protestam contra aumento de exportações de carbono, impulsionadas pelo premiê australiano John Howard.  Os “níveis máximos” das projeções do IPCC consideram que haverá um aumento de cerca de 5,8º na temperatura global entre 1990 e o final deste século. “Precisamos pensar em alternativas radicais ao aperto do cinto”, disse o professor Allen. “No momento, assumimos que resolveremos o problema controlando a demanda; mas (a estratégia) claramente não está funcionando.”

Durante o recente encontro da ONU sobre Mudanças Climáticas em Nairóbi, diversas delegações, incluindo aquelas da Grã-Bretanha, Austrália e Estados Unidos, indicaram que haviam conseguido fazer suas economias crescerem sem grandes aumentos de emissões de carbono. Mas, disse Corinne Le Quere, os últimos dados mostram que esta abordagem não será suficiente para reduzir emissões no futuro. “As melhoras que foram feitas nos últimos 30 anos parecem estar se esgotando”, ela disse. “Precisaremos de reduções reais de emissões.”


(Por Richard Black, BBC, 28/11/2006)


http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2006/11/061128_emissoes_pu.shtml

 

 

 


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