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2006-11-29
Um grupo com cerca de 50 pesquisadores japoneses iniciou ontem uma longa viagem em direção à Antártida, onde passará o duro inverno entre geleiras para estudar o mecanismo da mudança climática. O objetivo é participar de um extenso projeto para investigar o meio ambiente na Terra e o fenômeno do aquecimento global e, de quebra, celebrar o 50º aniversário da prospecção japonesa no Continente branco que circunda o Pólo Sul.

Os 56 cientistas, entre eles sete mulheres, saíram hoje do aeroporto internacional Narita de Tóquio rumo à Austrália, acompanhados de quatro observadores, e só devem retornar ao Japão no primeiro semestre de 2007. No porto australiano de Fremantle o navio quebra-gelo Shirase, de 11.600 toneladas e com 171 tripulantes a bordo, os espera para a partir de amanhã empreender uma longa travessia em direção ao continente gelado. A chegada a Showa, principal base japonesa na Artárdida, está prevista para o final do ano.

Segundo disse hoje à Efe um porta-voz do Ministério da Educação e Ciência japonês, os 56 pesquisadores se dividirão em dois grupos e se unirão a outros especialistas japoneses que já se encontram na Antártida. O objetivo de um desses grupos, formado por 23 pessoas, será estudar as partículas do ar na Antártida e investigar seus efeitos no aquecimento global, em colaboração com especialistas alemães.

Enquanto, um segundo grupo de 30 pesquisadores se unirá a outros japoneses que há meses perfuram a camada de gelo a partir da base japonesa de Dome Fuji, aproximadamente a um quilômetro ao sul do destacamento base de Showa. Da base de Dome Fuji na região oriental do Pólo Sul, cerca de 3.810 metros sobre o nível do mar, os pesquisadores japoneses perfuraram em janeiro passado mais de três quilômetros de gelo na busca de amostras antigas de rocha.

A finalidade deste projeto, de três anos de duração, era estudar os fenômenos meteorológicos da antigüidade com o objetivo de progredir no estudo das mudanças de temperaturas e registrar os níveis de dióxido de carbono do passado, menos elevados que na atualidade perante o uso de combustíveis fósseis.

Segundo os cientistas japoneses, nessa perfuração foram obtidas amostras de gelo com cerca de um milhão de anos, embora estivessem a apenas alguns metros da área rochosa mais interna do continente. O gelo, que se forma por compactação da neve, guarda amostras da atmosfera, por isso que sua análise é importante para reconstruir o clima da Terra de milhares de anos, de acordo com os especialistas.

Além disso, está previsto que os 56 cientistas japoneses levem para seus companheiros material de intendência e combustível, além de utensílios para assegurar um bom funcionamento do helicóptero, seu principal meio de transporte nessa região rodeada de geleiras. A expedição de hoje é a 48ª japonesa à Antártida. Espera-se que seus integrantes cheguem em meados de dezembro perto da base de Showa, onde chegarão de helicóptero no final de ano, segundo o Ministério da Educação e Ciência.

Em todo caso, chegarão a tempo de participar em 29 de janeiro de 2007 de um ato que comemorará o 50º aniversário da inauguração da base de Showa em 1957, evento que poderá ser acompanhado de Tóquio via satélite. O retorno ao Japão da maioria dos integrantes do grupo está previsto para o final de março ou início de abril de 2007.
(Agência EFE, 28/11/2006)
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