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2006-11-29
A região do Pontal do Paranapanema, no extremo leste do Estado de São Paulo, começou a ser ocupada por fazendas há cerca de 50 anos – primeiro por pastagens, depois pela monocultura de cana-de-açúcar. A região, antes coberta pela Mata Atlântica de forma contínua, tem hoje fragmentos de floresta isolados que correspondem a 17% da área original.

A biodiversidade da região, no entanto, parece não ter sofrido ainda todo o impacto da devastação. O número de espécies de aves presentes nas áreas remanescentes corresponde aproximadamente ao que foi registrado em 1978, quando ainda restavam 80% da floresta original, segundo estudo realizado pelo biólogo Alexandre Uezu, do Departamento de Ecologia do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP).

O pesquisador explica que a resposta das espécies é mais lenta do que a fragmentação da floresta. “O tempo de latência é de cerca de 25 anos. Isso significa que uma parte significativa das espécies só não foi extinta ainda por questão de tempo”, disse Uezo.

O histórico de fragmentação no Pontal do Paranapanema, de acordo com o biólogo, é mais recente do que no resto da Mata Atlântica, onde há áreas fragmentadas há mais de um século. O pesquisador aplicou modelos de regressão baseados em índices de isolamento e nos tamanhos dos fragmentos para relacionar o histórico ao padrão atual de riqueza biológica. “Constatamos que o padrão atual corresponde à estrutura da paisagem do início dos anos 80.”

Segundo o pesquisador, após meio século de isolamento, fragmentos de cerca de mil hectares apresentam metade das extinções de aves que ainda devem ocorrer. “Esse resultado revela a urgência do estudo sobre a avifauna e a necessidade de amenizar os impactos negativos da fragmentação”, disse. Uezu deve apresentar em dezembro tese de doutorado sobre o assunto.

Limites vulneráveis
O estudo, iniciado em 2003, avaliou 28 fragmentos da região, sendo 21 remanescentes de floresta e sete áreas dentro do Parque Estadual do Morro do Diabo. Foram selecionados fragmentos de mata de três tamanhos diferentes: sete grandes (acima de 400 hectares), sete médios (100 a 200 hectares) e sete pequenos (30 a 80 hectares).

O tamanho e grau de isolamento dos fragmentos e a qualidade da floresta determinam, segundo Uezu, a abundância e a distribuição das 147 espécies dependentes de florestas identificadas na região. “Constatamos que o tamanho das áreas verdes é o fator mais determinante para definir a sensibilidade das espécies e que a diversidade varia de acordo com ele”, disse.

A pesquisa considerou elementos como o histórico da fragmentação, a sensibilidade das espécies à paisagem degradada e a influência da conectividade da paisagem por meio de sistemas agroflorestais que funcionam como “trampolins”, conectando fragmentos isolados e garantindo a sobrevivência de algumas espécies.

Segundo Uezu, as espécies que estão nos limites de distribuição da Mata Atlântica, como é o caso do Pontal do Paranapanema, são mais vulneráveis. “Várias espécies que ocorrem até em áreas degradadas a leste só ocorrem aqui nas áreas contínuas”, afirmou.

Uezu alerta que o impacto de redução iminente de biodiversidade pode extrapolar a região. “Localmente podemos ter um aumento de extinção de várias espécies. Se isso ocorrer em diversas áreas da mata, pode tornar as espécies ameaçadas globalmente.”

Importância dos sistemas agroflorestais
O estudo se dedicou também a avaliar a eficiência dos bosques agroflorestais. Depois da fragmentação em decorrência da implantação de grandes fazendas, a região foi ocupada, na década de 80, por assentamentos de trabalhadores sem-terra. Ali, os técnicos agrícolas do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPE), do qual Uezo é pesquisador, incentivam, junto aos assentados, a implantação dos sistemas agroflorestais.

“Testamos se esses sistemas estão aumentando a conectividade da paisagem e diminuindo o grau de isolamento nesses remanescentes”, disse Uezo. O isolamento dos fragmentos, segundo ele, causa problemas graves. Se uma espécie for extinta num fragmento, o isolamento impede que outro indivíduo volte a colonizar a área. Além disso, em áreas isoladas as populações são pequenas, com muitos cruzamentos endogâmicos, reduzindo a diversidade genética.

A pesquisa verificou que os “trampolins” facilitam a conectividade das espécies mais versáteis, que vivem tanto na floresta quanto em áreas abertas. Mas a fragmentação é tão intensa que as espécies florestais muitas vezes não conseguem atingir o sistema. Por outro lado, os “trampolins” se mostraram dispensáveis em áreas em que não há tanto contraste entre os fragmentos florestais e o entorno.

“Com essa avaliação, fizemos uma proposta da efetividade dos sistemas agroflorestais. Consideramos que eles são mais importantes nas áreas intermediárias”, disse Uezo. Os sistemas agroflorestais, segundo ele, são uma importante alternativa aos corredores ecológicos.
(Por Fábio de Castro, Agência Fapesp, 29/11/2006)

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