Com a criação da Trilha da Fortaleza, no Parque Estadual de Itapuã, em Viamão, a 57 quilômetros do Centro de Porto Alegre, o visitante pode retroceder no tempo e conhecer os locais que abrigavam soldados durante a Revolução Farroupilha (1835-1845). A unidade de conservação, que é uma mostra dos ambientes naturais da região Metropolitana sem os impactos da urbanização, serviu de palco para um sangrento combate. Com um pouco de esforço e espírito de aventura, é possível chegar ao topo do Morro da Fortaleza (1,6 quilômetro de subida) e avistar a bela paisagem do Guaíba e, antes de tudo, a história.
No Fortaleza, há trincheiras naturais de amontoados de pedras, formações rochosas que guardavam até cem cavalos e mantimentos e o ponto de vigia de embarcações imperiais. Situado em frente à Ilha do Junco, o morro era um ponto estratégico. No encontro das águas do Guaíba com a Lagoa dos Patos, onde está hoje o Farol de Itapuã, concluído em 1860, ficava um bombeador, sentinela avançado que observava a movimentação do alto de uma pedra gigante.
A identificação dos locais exatos das batalhas foi feita pelo técnico em salvamento e obras submarinas Cary Ramos Valli, que começou a pesquisar em 1959, contando com a ajuda de historiadores e outros profissionais. Ele recolheu artefatos, balas de canhão, armamentos e peças de barcos que estão expostos no Centro de Visitantes de Itapuã. Alguns dos vestígios desapareceram pela ação das empresas que extraíam o granito rosa. 'José Lutzenberger colocava um xis nas pedras e no outro dia a gente ia ali e estavam cortadas', conta Valli, citando que até uma trincheira natural dos farrapos no Fortaleza foi desfigurada.
No parque também se encontram plantas em extinção, como gravatá e corticeira-da-serra. O chefe da Divisão das Unidades de Conservação da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, Lisandro Gonçalves, diz que o caminho está sendo remodelado para evitar ameaças à flora. Segundo o monitor de educação ambiental João Carlos Matos, os guias pedem cuidado com plantas e dão destaque à história da revolução que ocorreu no local.
(Por Ana Paula Acauan, Correio do Povo, 26/11/2006)