A Usina Hidrelétrica de Campos Novos, construída pela Enercan (Campos Novos Energia S/A), retomou o processo de enchimento do seu reservatório no domingo e pretende começar a gerar de energia no primeiro trimestre de 2007. A usina, que apresentou problema de vazamento em junho, teve que passar por uma "reforma", e começará a gerar energia praticamente um ano depois da previsão inicial.
Com capacidade para 880 MW e investimento de R$ 1,5 bilhão, a usina pertence à CPFL Geração de Energia (48,73%), Companhia Brasileira de Alumínio (24,72%), Mineração Serra da Fortaleza (20,04%) e Companhia Estadual de Energia Elétrica (6,51%).
De acordo com o diretor-superintendente da Enercan, Enio Schneider, as obras para reparação do vazamento em um dos túneis de desvio levaram cerca de cinco meses. Por conta dos reparos, a operação de geração vai iniciar com um ano de atraso. Ele diz que o principal prejuízo proveniente do vazamento para a Enercan foi a não geração de energia, e não os custos das obras, que estão sendo arcados pelo consórcio contratado, liderado pela Camargo Corrêa. A obra tem um seguro contra acidentes deste tipo e a Camargo Corrêa espera ressarcimento.
Localizada no rio Canoas, Campos Novos começou a ser construída em 2001, com previsão de cinco anos. Um túnel de desvio, contudo, apresentou problemas de vazamento quando o reservatório estava sendo enchido, em meados deste ano. Trata-se de uma estrutura independente da barragem, localizado a 800 metros de distância, construído de forma provisória para que o rio seja desviado para esse túnel, liberando o leito para a construção da barragem. Nos últimos meses, foram reforçadas as estruturas para que não haja possibilidade de novos vazamentos.
Tanto a Camargo Corrêa quanto a Enercan investigaram a situação com uma perícia independente. A Enercan não comentou sobre as causas porque ainda não tinha o relatório final. A Camargo Corrêa disse que a análise não aponta uma única causa para o problema. José Ayres de Campos, diretor de engenharia e gestão da empresa, explica que os relatórios não foram conclusivos sobre o motivo. Ele explica que embora todos os registros mostrem que a estrutura estava correta, testes posteriores com o material usado mostram que ele era mais forte do que o exigido, não se pode descartar que não tenha havido problemas de engenharia juntamente com um possível impacto de materiais flutuantes (troncos, por exemplo), comprometendo a estrutura. "Não acredito em uma causa só", diz.
(Por Vanessa Jurgenfeld, Valor Econômico, 28/11/2006)