Eucalipto garante renda de R$ 1 mil por hectare e o café o dobro disso, mas o custo é elevado. O mercado de café sofre freqüentes oscilações de preços entre uma safra e outra. Além disso, o custo de produção é elevado, acrescenta. A remuneração bruta do café por hectare é de R$ 2 mil anuais. Conforme Vieira de Mello, os produtores de eucalipto ganham por ano R$ 1 mil hectare quando vendido para serralheria. Já a remuneração do produto destinado à indústria de papel e celulose varia entre R$ 500 a R$ 600 por hectare.
Do total da área ocupada por eucalipto no estado capixaba 30 mil hectares são vendidos à indústria de papel e celulose, principalmente à Aracruz que tem unidade em Espírito Santo, o que facilita a logística. Os 20 mil hectares restantes, segundo Vieira de Melo, são usados como fonte de energia própria para o secamento do café.
Carnielli acredita que a tendência é aumentar ainda mais a área plantada de eucalipto, enquanto que a produção de café deve crescer pelo aumento da produtividade, pois o cafeicultor está investindo muito em tecnologia para elevar a qualidade do produto.
Vieira de Melo diz acreditar que a área de eucalipto em relação a área do café não deve superar 10% ou 15%. "Os cafeicultores só plantarão eucalipto nas áreas (altas), de difícil acesso para o café", analisa o secretário. Para o superintendente do Centro de Desenvolvimento do Café, Frederico Daher, o eucalipto não deve entrar na área especifica do café. "O eucalipto está entrando nas áreas marginais do café. O cafeicultor está colocando eucalipto com sucesso nas áreas inaptas para o café, como uma alternativa de renda'', diz Daher.
Efeito da seca
Os cafezais do tipo arábica cultivados na região Sul Serrana do Espírito Santo que deveriam estar praticamente floridos nesta época do ano tiveram parte de sua floração abortada pelo clima desfavorável, principalmente pela falta de chuva na. Os galhos estão quase sem flor e os brotinhos estão bem abaixo das estimativas. "A florada está muito esquisita. A lavoura está bonita, bem cuidada, mas não tem café'', disse o presidente da Cooperativa dos Cafeicultores das Montanhas do Espírito Santo (Pronova), Pedro Carnielli.
A estimativa é de que os cafeicultores capixabas, da região serrana, tenham redução de 30% na produção da safra 2006/07 (colhendo em torno de 2,4 milhões de sacas) em relação as estimativas iniciais que previam colher 3 milhões de sacas. Mas a nova safra ainda deverá ficar maior que a do ano passado (estimada em 2 milhões de sacas), quando deveria ter sido maior (30%) por conta da bianualidade alta, mas foi reduzida pelos problemas climáticos. "A nova safra não vai ser tão ruim em relação a anterior. Tivemos problemas climáticos em dois anos consecutivos", diz Carnielli.
Segundo o secretário Municipal de Agricultura e Meio Ambiente de Venda Nova, município do estado capixaba, 20% da florada foi abortada por conta do clima chuvoso em meados de outubro, em regiões altas, entre 900 e mil metros de altitude.
Ao contrário do arábica, o cenário é positivo para o café robusta por ser cultivado em regiões mais baixas e do Norte do Espírito Santo que é o segundo maior produtor de café do Brasil, atrás apenas de Minas Gerais. Pelas estimativas da Pronova, a produção da safra 2006/07 do café robusta deve crescer em torno de 15%, saindo de 6 milhões de sacas na safra anterior, para 7 milhões. Carnielli planta anualmente 67 hectares de café. Na safra 2006/07, ele colheu 900 mil sacas. Carnielli pretende colher mais na nova safra em relação a anterior por conta do ganho de produtividade.
(Por Viviane Monteiro, Gazeta Mercantil, 28/11/2006)