Teve início nesta segunda-feira, 27, a conferência da Convenção de Basiléia, em Nairóbi (Quênia), com um chamado à solidariedade internacional para com os países mais pobres, incapazes de administrar seus resíduos tóxicos. "Os países em desenvolvimento não têm capacidade para administrar os resíduos perigosos. Eles devem reconhecer a falta de experiência e de ferramentas, mas também é necessário haver solidariedade internacional", disse a ecologista queniana Wangari Maathai, Prêmio Nobel da Paz 2004, que participou da abertura do encontro.
Segundo Maathai, "deveria ser um crime" qualquer país despreparado para enfrentar o problema permitir a importação de resíduos perigosos. "Cabe perguntar que preço a saúde dos cidadãos paga pela irresponsabilidade de alguns governos. O recente vazamento tóxico, que afetou a Costa do Marfim em agosto, demonstra a dificuldade que é lutar contra o problema, e é um exemplo da vulnerabilidade de países pobres", afirmou Maathai.
O caso da Costa do Marfim foi citado reiteradamente por todos os conferencistas, também como mostra de que ainda resta muito a fazer para que a Convenção da Basiléia consiga impor suas disposições."A Convenção não apenas não pôde cumprir seus objetivos iniciais, mas enfrenta desafios novos e crescentes. A dramática situação ocorrida com a Costa do Marfim confirma isso", disse o ministro do Meio Ambiente uruguaio e presidente, em fim de mandato, da Conferência das Partes, Mariano Arano.
O desastre ocorreu quando uma companhia local de eliminação de resíduos industriais deixou vazar cerca de 500 toneladas de água misturada com petróleo e detergente em diversas regiões de Abidjã, após o descarregamento do material, a partir de uma embarcação panamenha, fretada por uma companhia holandesa. A contaminação matou dez pessoas, e deixou aproximadamente 100 mil intoxicadas.
Representantes de mais de 120 governos assistem em Nairóbi ao encontro, que ocorre até sexta-feira, e que terá como foco principal o chamado "lixo eletrônico". Entre 20 e 50 toneladas métricas de lixo eletrônico - como são denominados os restos de computadores obsoletos, telefones celulares e outros aparelhos eletrônicos - são geradas no mundo a cada ano, informou uma agência das Nações Unidas.
(EFE, 27/11/2006)
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