O comissário europeu das Empresas e da Indústria e vice-presidente da Comissão Européia, Guenter Verheugen, apelou aos 25 Estados membros que definam "metas realistas" para a redução das emissões de dióxido de carbono (CO2) até 2020. Numa carta enviada ao presidente da Comissão, Durão Barroso, Verheugen defende ainda que a União Europeia deve aceitar metas vinculativas para aumentar as energias renováveis e inclui os gases dos automóveis e outros gases com efeito de estufa (para além do dióxido de carbono) no seu mercado de emissões. O mercado de emissões cobre menos de metade das emissões totais da União Europeia, principalmente na geração de electricidade e indústrias pesadas.
No entanto, o comissário alemão alertou Durão Barroso para os eventuais perigos para a competitividade europeia da definição de objectivos a curto prazo demasiadamente ambiciosos. Para Verheugen, as metas irrealistas de reduzir mais de 15 por cento até 2020, a níveis de 1990, serão muito caras e vão tornar a indústria europeia menos competitiva. "Metas entre os dez e os 15 por cento já iriam implicar aumentos de dez por cento no preço da electricidade na Europa", considera.
As propostas de Verheugen — tido como o maior defensor do sector industrial no executivo europeu — marcam um debate que se começa a formar em Bruxelas sobre o quão verde deverá ser a revisão da política energética europeia, prevista para Janeiro. "Precisamos de propor uma meta unilateral e realista para 2020, que depois poderemos reforçar se outros países também se comprometerem com acções significativas para combater as alterações climáticas", comentou Verheugen.
Os limites às emissões de gases com efeito de estufa definidos pelo Protocolo de Quioto (1997) mantêm-se apenas até 2012. A União Europeia assumiu um papel de liderança na tentativa de convencer outras grandes nações a reduzir as emissões pós-2012. A proposta de uma meta internacional única para reduzir emissões não incentivou grandes poluidores como os Estados Unidos e a China a juntarem-se ao combate ao sobre-aquecimento global. O Presidente George W. Bush abandonou Quioto em 2001, alegando que iria custar postos de trabalho, para além de excluir os países em desenvolvimento.
(Ecosfera, 27/11/2006)