Há 250 milhões de anos, a Terra foi palco não só da maior extinção de espécies marinhas e terrestres como também de uma profunda alteração do ecossistema marinho, segundo um estudo publicado pela revista "Science". Paralelamente a essa extinção — que eliminou 95 por cento das espécies marinhas e 70 por cento das espécies terrestres — comunidades marinhas ecologicamente simples (invertebrados do grupo dos equinodermes) foram em grande parte suplantadas por comunidades complexas (moluscos, crustáceos e outros).
Antes do último período da era primária (Permiano), há 253 milhões de anos, os dois tipos de ecossistemas marinhos (simples e complexos) tinham a mesma importância. Depois da extinção em massa — que algumas teorias atribuem à colisão de um asteróide com a Terra —, as comunidades complexas ultrapassaram as simples numa proporção de três para um, situação que se manteve até à actualidade.
"Sem a extinção em massa do fim do Permiano, o ecossistema marinho actual poderia ser idêntico ao que existia há 250 milhões
de anos", afirma Peter Wagner, director do departamento de fósseis invertebrados do Field Museum de Chicago, que coordenou o estudo. Na sua opinião, o estudo demonstra que "não existia uma tendência inexorável" para os ecossistemas modernos.
Esta investigação pode também ser entendida como uma chamada de atenção para a redução da biodiversidade. "Estudos de ecologistas especializados no mar mostraram que os humanos estão a fazer recuar o ecossistema marinho para o nível que tinha há 550 milhões de anos, antes da explosão da diversidade animal. O asteróide que eliminou os dinossáurios não o teria conseguido", sublinhou Wagner. Um recente artigo também publicado na revista "Science" previu que os recursos marinhos ficarão esgotados antes de 2050 se a poluição e a pesca continuarem ao ritmo actual.
(Ecosfera, 27/11/2006)