Berço da Quarta Colônia de Imigração Italiana no Rio Grande do Sul, o município de Silveira Martins, na região de Santa Maria, se prepara para produzir em escala industrial um defensivo agrícola natural inovador, o bofertilizante foliar a partir da batata. A Agroindústria Santa Eulália, estabelecida na cidade, aguarda a liberação de recursos do Banco do Brasil para o projeto de instalação de uma planta industrial que processará 2 toneladas de batata/dia. A partir da aprovação do projeto, a indústria deve entrar em operação no prazo de três meses, empregando 20 funcionários.
O processamento resultará em 2 mil litros de biofertilizante que pode ser empregado em hortifrutigrangeiros e nas lavouras de grãos e fumo. O biofertilizante da batata é inédito, segundo Cláudio Fioreze, agrônomo da Emater e especialista na cultura deste tubérculo. "É a primeira vez que está sendo produzido um biofertilizante foliar (para pulverização nas plantas) extraído diretamente da batata", diz.
No processamento, a batata - que deve ser totalmente livre de agrotóxicos - é macerada e misturada com outros ingredientes, guardados como segredo industrial. Depois, a mistura é deixada em fermentação e sofre um processo de bi-destilação. O resultado é um líquido chamado de acqua vita, que tem um teor alcoólico entre 40 e 45%; um vinhoto, que é o biofertilizante; e um mosto, que pode ser empregado como suplemento alimentar para o gado leiteiro, aumentando o teor de gordura do leite e facilitando a fabricação de queijos amanteigados.
A Santa Eulália produz artesanalmente o acqua vita e o biofertiliante há três anos e a Emater realiza testes com o biofertilizante. Segundo o agrônomo, constatou-se que, nas lavouras de batata que usaram o defensivo natural, o aumento de produção foi de 15%; nas de soja, de 20%; nas de feijão, entre 20 a 30%; e nas de fumo, 30%. Já o acqua vita deverá ser exportado para a Europa. "É um tipo de vodka", explica o agrônomo.
Na região de Silveira Martins, a estimativa de produção de batata para a colheita de dezembro é de 5,4 mil toneladas, com uma produtividade bruta de 18 toneladas/hectare, segundo a agrônoma Núbia Maria Rosa, responsável pelo escritório regional da Emater no município. A cidade realiza, de 1 a 3 de dezembro, a III Festa Estadual da Batata (Fesbata).
(Jornal do Comércio, 27/11/2006)
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