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2006-11-27

 Mais de 130 pesquisadores participaram na semana passada, em São Paulo, de um evento com o objetivo de construir um mapa que indique as áreas prioritárias para conservação e restauração da biodiversidade no Estado. O workshop foi organizado pelo Programa Biota-Fapesp, em parceria com a Fundação Florestal, Instituto Florestal, Conservação Internacional e o Centro de Referência em Informação Ambiental (Cria).

Segundo Carlos Alfredo Joly, professor do Departamento de Botânica da Universidade Estadual de Campinas, o resultado do esforço coletivo coloca as possibilidades práticas do Biota-Fapesp em ação, além de fornecer um instrumento para que a Secretaria do Meio Ambiente estabeleça políticas públicas com sólida base científica.

"Com esse workshop, o programa cumpre um de seus principais objetivos, que é sistematizar e organizar a coleta de dados biológicos para o aperfeiçoamento de políticas públicas de conservação", disse.

Os principais especialistas do Estado em cada área se dividiram em sete grupos temáticos: mamíferos, aves, herpetofauna, peixes, invertebrados, criptógamas e fanerógamas, além do grupo de apoio de meio físico e ecologia de paisagem.

"Numa primeira fase, foram identificadas lacunas no conjunto de dados disponíveis no Sistema de Informações Ambientais do Biota (SinBiota) e, a partir daí, os coordenadores de cada grupo buscaram fontes de dados complementares com qualidade técnica reconhecida", disse Joly.

Critérios objetivos

"O que fizemos foi disponibilizar um banco de dados grande – que vai desde a questão das espécies até detalhes do meio físico – e juntar as maiores autoridades nesses temas no Estado para articulá-lo. A idéia é fornecer um instrumento para que o poder público possa tomar decisões baseadas em critérios objetivos", afirmou o coordenador do Biota-Fapesp, Ricardo Rodrigues, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo.

Segundo Rodrigues, será gerado um documento que fará parte do planejamento futuro das áreas de conservação em São Paulo. "O Biota optou por fazer o trabalho em parceria com a Secretaria do Meio Ambiente, por meio da Fundação Florestal, para aumentar a possibilidade de aplicação. Cada um dos parceiros envolvidos entrou com sua capacidade específica", disse.

Segundo a diretora da Fundação Florestal, Maria Cecília Wey de Brito, desde 2000 o Estado de São Paulo tem a possibilidade de receber recursos de quem faz licenciamento ambiental. "Esses recursos podem ser utilizados para melhorar as unidades de conservação existentes ou para criar novas unidades. Até agora, eles têm sido usados para melhoramentos. Para criar novas unidades, é preciso saber onde elas serão criadas. O mapa dará uma base científica para essa escolha", explicou.

"Além da identificação de remanescentes florestais, que devem ser transformados em unidades do conservação com verba das compensações ambientais, poderemos aperfeiçoar as políticas públicas com a identificação de áreas prioritárias para alocação ou compensação da reserva legal nas propriedades agrícolas, que representam, idealmente, 20% da área física do Estado", disse Maria Cecília.

A Conservação Internacional do Brasil contribuiu com o desenvolvimento de metodologias para traduzir em dados espacializados a imensa quantidade de informação disponibilizada pelo Biota-Fapesp. "São 218 mil registros de todos os tipos – de características físicas à distribuição espacial – relacionados a um total de 15 mil espécies", disse Adriano Paglia, analista de biodiversidade da Conservação Internacional.

Por Fábio de Castro, Agência Fapesp, 17/211/2006)


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