Os trabalhadores da maior produtora de celulose de eucalipto do mundo esperam uma resposta do Ministério da Justiça. Esta semana, estiveram em Brasília para entregar um abaixo-assinado com 78.511 assinaturas colhidas na comunidade de Aracruz e regiões vizinhas. “Pedimos que a Justiça defina logo a questão entre a Aracruz e a comunidade indígena e veja a questão das Ongs que estão incentivando a ação dos índios”, conta Davi Gomes, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Extrativa de Madeira do Espírito Santo (Sintiema), que representa 5 mil trabalhadores de prestadores de serviço da Aracruz. O documento foi entregue também à Casa Civil e ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República.
Segundo Gomes, a comunidade depende da Aracruz Celulose e teme por seus empregos caso se prolongue o conflito com os índios. “Antes vivia todo mundo em paz, de uns dois ou 3 anos para cá estamos assistindo a essa briga e está afetando todo mundo porque é a Aracruz quem sustenta a região”, alega. “A empresa ia investir R$ 1,3 bilhão na construção de uma nova unidade mas decidiu levar esse investimento para o Rio Grande do Sul”, conta.
A empresa, responsável por um terço da produção mundial de celulose de eucalipto, diz ser dona de 11 mil hectares de uma área de 18 mil hectares que, segundo a Fundação Nacional do Índio (Funai), era originalmente ocupada pelos guaranis e tupiniquins. A Aracruz afirma ter comprado o terreno na década de 60. A Funai não reconhece os documentos e alega que, naquela época, a área já estava identificada como território indígena.
As terras reivindicadas pelos índios ficam no município de Aracruz, a cerca de 150 quilômetros de Vitória. No município, localizam-se quatro aldeias tupiniquins e três guaranis. Essas comunidades vivem numa área de cerca de 7 mil hectares, a eles contemplada em decretos de homologação assinados em 1998 pelo então ministro da Justiça Íris Rezende.
(Por Mylena Fiori, Agência Brasil, 26/11/2006)