A fome por energia da China é tão grande que levou o país a finalmente colocar em prática seus planos de construir a maior usina solar do mundo. O sistema terá capacidade de 100 megawatts de energia, muito maior que a atual recordista situada na cidade alemã de Leipzig e com potência de gerar apenas cinco megawatts. A decisão mostra a forte determinação do país em buscar fontes menos poluentes.
Na mesma semana um relatório do governo mostrou que a situação ambiental da China não é das melhores. A qualidade ambiental não mudou nos últimos meses e algumas áreas do país ainda sofrem com sérios problemas de poluição. O documento da Administração de Proteção Ambiental mostrou que emissões de dióxido sulfúrico da China totalizaram 25,5 milhões de toneladas, o maior volume do mundo.
A nova usina solar, que custará 765 milhões de dólares, será construída na cidade de Dunhuang, na região noroeste do país, e levará cinco anos para ser finalizada. A região é beneficiada pelos raios solares, com a maior incidência anual do país, cerca de 3.362 horas.
A prefeitura de Dunhuang assinou uma carta de intenções com a Companhia de Investimentos em Nova Energia de Zhonghao, de Beijing, para implementar o projeto em uma área de 31.200 metros quadrados.
A China é a segunda maior emissora de gases do efeito estufa, com cerca de 70% da sua energia vinda da queima de combustíveis fósseis. Isso sem contar as centenas de usinas de carvão que são construídas a cada ano. O país estabeleceu como meta ter 16% da sua energia vinda de fontes renováveis em 2020 e aumentar a eficiência energética em 20% nos próximos quatro anos. Porém dados já apontam que o país está longe de alcançar a meta. O consumo de energia por unidade do orçamento doméstico cresceu 0.8% na primeira metade do ano.
Três anos atrás o país anunciava a sua maior usina solar, na Fazenda de Beitashan Livestock, na fronteira com a Mongólia. A área de dois mil quilômetros tinha capacidade de produzir 150 quilowatts. A fazenda, fundada em 1952, possui 600 residências (uma população de mais de três mil pessoas).
Por causa da sua geografia, a fazenda não possuía eletricidade, com exceção de um pequeno gerador a diesel. Cerca de 90% da área de pastagem não recebia sinal de televisão e operações em pacientes frequentemente sofriam atraso por falta de luz.
Qualidade da água
Uma mostra de o quão preocupante é a falta de infra-estrutura no interior da China são os problemas com suprimento de água potável a esta população. Nesta semana as Nações Unidas lançaram um novo programa de desenvolvimento e afirmaram que a China está fazendo seu máximo para resolver problemas da quantidade e qualidade do fornecimento de água. Bilhões em investimento serão necessários na próxima década para que o país alcance suas metas com relação a esta questão, que atinge 320 milhões de pessoas. De acordo com estatísticas do governo, as fontes de água per capita da China são apenas 1/3 dos níveis internacionais.
(Por Paula Scheidt, Carbonobrasil, 26/11/2006)
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