TRANSPORTE FLUVIAL NO GUAÍBA É LEI DESDE 1989
2001-10-19
Ciclovia, metrô, aeromóvel, transporte fluvial. Nenhuma destas alternativas é oferecida para o deslocamento dos habitantes dentro de Porto Alegre. A única saída do cidadão que não quer vencer longas distâncias a pé é o meio rodoviário. O fato contribui, e muito, para que o trânsito da cidade esteja longe do ideal. O índice de motorização é alto: 2,2 habitantes por carro. Além disso, 2 mil veículos são acrescidos mensalmente à frota de 650 mil, a uma taxa de ocupação de 1,2 pessoas por automóvel. Os dados são da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC). Para dar sobrevida a este modelo sem futuro - como afirma o diretor de operações da EPTC, Alexandre Goulart - a Prefeitura realiza uma série de obras em diversos pontos da cidade. As principais em andamento são na avenida Juca Batista, Triângulo da Assis Brasil e III Perimetral. O investimento total chega perto dos R$ 170 milhões de reais, segundo a Secretaria Municipal de Obras e Viação (Smov). O que não se entende é por que uma cidade banhada por um rio navegável (em áreas populosas como o Centro e a Zona Sul) investe tanto em reformas viárias e não usa o barco para a locomoção de seus moradores? - Falta vontade política, responde Pedro Ruas, autor da Lei Municipal 6.384, de 1989, que implanta o transporte hidroviário coletivo de passageiros no Rio Guaíba. Na época, um estudo do Instituto de Pesquisas Técnicas de São Paulo comprovava a eficácia da nova modalidade, considerando a ligação de toda a Zona Sul da cidade com o Centro. O transporte fluvial teria menor custo tarifário em relação aos ônibus; levaria menos tempo para chegar ao destino, pela ausência de tráfego; e não traria custos para a Administração Municipal. - Basta abrir licitação e deixar a iniciativa privada fazer o investimento, propõe Ruas, hoje vice-presidente estadual do PDT. As vantagens não param por aí. Os gastos com a manutenção das vias e dos barcos são quase nulos. Outro aspecto positivo é a revitalização do Cais do Porto e do mercado de trabalho do fluviários. Com a nova movimentação, Ruas acredita até na transferência de camelôs para o local. - Poderíamos amenizar o problema e levá-los para lá, pois a área deixaria de ser ociosa, ressalta. Mesmo assim, ainda não há previsão de quando esta mudança será efetivada na Capital. - A Zona Sul está bem atendida para se dirigir ao Centro, comenta Alexandre Goulart, que não imagina que o barco possa ter preço e agilidade competitivos com os coletivos da Capital. Para o vereador Beto Moesch não há dúvidas. O barco é mais barato, rápido, seguro, rentável e agradável. - O tempo que o morador da Restinga perde para ir até o Centro de Porto Alegre é quase uma hora e meia. Isso é absurdo, equivale a uma viagem até Tramandaí, compara. - Pelo Guaíba, a vigem demora 40 minutos, calcula.