“A ausência ou insuficiência de água mata mais que os conflitos armados”, diz presidente do Conselho Mundial da Água
2006-11-24
A água é um fator essencial para o desenvolvimento humano e deve ser prioridade para políticos e governantes. Esse foi o tom do discurso de Loïc Fauchon, presidente do Conselho Mundial da Água (CMA), durante conferência realizada hoje (23/11), das 9h às 11h, na Agência Nacional de Águas (ANA).
O evento contou com a participação dos diretores da Agência e de representantes de diversas entidades envolvidas na luta pela preservação e gestão responsável dos recursos hídricos.
O presidente do CMA ressaltou que as doenças hídricas são a principal causa de mortalidade no mundo. “Mas a guerra contra esse problema não mobiliza muito por se tratar, na verdade, de um combate contra a própria pobreza, vitimando principalmente os mais fracos”. E, para Fauchon, os problemas decorrentes da escassez da água ainda tendem a se agravar na esteira do crescimento demográfico e dos altos índices de poluição.
Busca de soluções
O uso responsável dos recursos hídricos é uma das alternativas para assegurar a quantidade e a qualidade de água disponível. Segundo Fauchon, nos Estados Unidos são consumidos 700 a 800 litros por dia, por pessoa; ao passo que na Alemanha, essa proporção cai para 250. “A ação pública deve estar aliada a uma mudança comportamental dos cidadãos”, concluiu.
Outra solução apontada pelo presidente do Conselho Mundial da Água é o aumento de recursos financeiros para o abastecimento, conservação e tratamento de água. “Muitos países investem mais na indústria bélica do que em recursos hídricos, essenciais para a vida”, compara Fauchon. Ele sugere a instituição de fundos específicos nos orçamentos.
Contexto brasileiro
Durante a conferência, o diretor-presidente da ANA, José Machado, destacou que a questão da água tem se fortalecido cada vez mais na agenda nacional, seja no cenário governamental seja nas páginas dos jornais. Nesse contexto, ele ressaltou a importância da mobilização da sociedade para a criação dos Comitês de Bacias, por exemplo.
Machado apontou, no entanto, que ainda é necessário fortalecer as políticas estaduais e capacitar mais gestores na área de recursos hídricos.
“O Brasil tem evoluído muito no que concerne à gestão das águas e será muito enriquecedor se as experiências nacionais estiverem mais presentes nas discussões do Conselho”, afirmou Fauchon. Hoje, há apenas duas entidades do País no CMA: a ANA e a Petrobras.
(Agência NAcional de Águas, 23/11/2006)
http://www.ana.gov.br/SalaImprensa/noticiasExibe.asp?ID_Noticia=240