Pelo menos dois projetos de monitoramento climático desenvolvidos no Estado estão ajudando
produtores de diferentes regiões do país a economizar. Por meio de equipamentos que medem o
comportamento do tempo, um programa da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) informa o
momento ideal para irrigar a lavoura. De forma semelhante, um sistema da Universidade de Passo
Fundo (UPF) alerta os produtores para o momento adequado de aplicar fungicida nas plantas.
A rede de monitoramento da UFSM tem 66 estações de coleta de dados em 11 Estados. Elas avaliam
umidade do ar, temperatura, radiação solar e vento no local onde estão instaladas. Essas
informações são cruzadas com as características do solo, previamente analisadas, do
desenvolvimento das plantas, acompanhado mensalmente por técnicos, e do equipamento de
irrigação. A partir dessa análise, pode-se determinar o momento adequado para irrigar e a
quantidade de água necessária.
- No Brasil central, houve redução de 30% a 40% no consumo de água e de energia (onde o
sistema foi adotado). Sinal que se irrigava além do necessário. No Rio Grande do Sul,
observamos um incremento grande na produtividade. Parece que o produtor daqui tinha a cultura
de irrigar menos para economizar - conta Reimar Carlesso, professor da UFSM.
Cerca de 350 produtores - dos quais 115 gaúchos - de 24 culturas estão integrados à rede. Eles
acessam as recomendações pela Internet.
É também a forma pela qual integrantes do programa da UPF recebem as dicas sobre o momento de
aplicar fungicidas na planta. O sistema é usado para identificar as condições de aparição de
doenças como a ferrugem asiática na soja ou a tinta preta no tomate. Atualmente, cerca de 18
mil hectares de cinco culturas são monitorados. Isso é possível por meio de um aparelho
desenvolvido na UPF que mede as horas de molhamento das plantas e a temperatura.
- Temos um índice de acerto de 90% - diz Erlei Melo Reis, fitopatologista da UPF e idealizador
do projeto.
Conforme Fernando Martins, coordenador técnico da Cooperativa Tritícola Mista Alto Jacuí, que
também tem sistema de monitoramento do clima, o uso preventivo do fungicida na soja, aplicado
quando houver condições para aparecimento da ferrugem, pode ser econômico. Nesse caso, é feita
uma aplicação. Se esperar até a detecção visual da doença, serão necessários duas ou três.
(
Zero Hora, 24/11/2006)