Os conselhos de Infra-estrutura e de Meio Ambiente da Federação das Indústrias do Rio Grande
do Sul (Fiergs) isentaram ontem (23/11) as empresas pelo desastre ecológico que provocou a
morte de toneladas de peixes em outubro no Rio dos Sinos.
Segundo a entidade, a falta de investimentos públicos em saneamento básico é a principal
responsável pela mortandade. Após a descoberta da morte dos peixes, a Fundação Estadual de
Proteção Ambiental (Fepam) autuou seis indústrias da região por irregularidades no tratamento
de efluentes.
Para Edgar Cândia, coordenador do Grupo Temático de Saneamento, o prejuízo causado pelas
indústrias é "pouco acima de zero". Ele ressalta que as empresas têm consciência de seu papel
e sabem que estão expostas à fiscalização. O relatório divulgado ontem indica que houve uma
redução drástica da poluição industrial na região desde os anos 70.
A falta de oxigênio na água, decorrente da deficiência no tratamento de esgoto doméstico,
seria a principal causa da situação do rio. A entidade culpa o excesso de esgoto sanitário
despejado na água e um conjunto de coincidências pelo desastre ecológico. Conforme diagnóstico
feito pela Fepam em 2001, 89% dos resíduos depositados na bacia do Sinos têm origem doméstica.
Cândia afirma que a carência de investimentos na área é de R$ 20 bilhões no Estado e de R$ 200
bilhões no país. Entre os fatores ambientais apontados pela Fiergs como agravantes, estão o
período de baixa vazão do rio, a piracema e a temperatura alta da época do ano, que aceleram o
consumo de oxigênio.
O diretor-presidente da Fepam, Antenor Ferrari, prefere se manifestar apenas depois de tomar
conhecimento do teor do relatório da Fiergs.
(
Zero
Hora, 24/11/2006)