Visando à licença Ambiental, Vale inaugura precipitador
cvrd
2006-11-24
Em plena campanha para obter licença ambiental para aumentar em 45% sua produção em Ponta de Tubarão, a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) inaugurou na manhã desta quinta-feira (23/11), um precipitador eletrostático, para o controle da poluição. Trata-se, porém, de uma manobra, já que a empresa vem negligenciando a instalação desse equipamento há décadas.
A empresa é responsável pela emissão de poluentes que causam doenças, que custam R$ 65 milhões por ano aos moradores da Grande Vitória. O passivo de 36 anos totaliza R$ R$ 2.340.000.000,00. Entre as doenças causadas pela poluição, as alérgicas, pulmonares, alguns tipos de câncer.
O precipitador eletrostático que a empresa colocou em funcionamento nesta quinta-feira é o 17° equipamento instalado pela empresa e a Vale anuncia outros quatro. A Vale usa antigos lavadores de gases na área de peneiramento do minério e só agora anuncia o emprego generalizado dos precipitadores eletrostáticos. O custo do equipamento é de R$ 25 milhões, segundo a empresa.
Por economia, outros procedimentos para evitar a poluição, como o enclausuramento das áreas de transferências dos minérios do pátio de estocagem para o porto, não são usados pela Vale. A CVRD teve lucro líquido de R$ 10,1 bilhões somente nos nove primeiros deste ano.
A Vale produziu 27,8 milhões de toneladas de pelotas de ferro em 2005 e quer produzir mais 11,5 milhões de toneladas, totalizando uma produção de 39,3 milhões de toneladas de pelotas de ferro por ano em Tubarão (construirá sua 8ª usina e ampliará velhas unidades).
A poluição promovida pela Vale e pelas empresas da Arcelor - Mittal (CST e Belgo) é insuportável para os moradores. Há preocupação dos moradores com o pó preto, formado pelas partículas sedimentáveis, desde as PM10 às PM2.5. Essas, micropartículas de ferro que vão contaminar os pulmões. Mas os malefícios maiores à saúde são produzidos pelos gases das poluidoras. São 59 os tipos de poluentes, sendo 28 altamente nocivos à saúde.
A Vale, a CST e A Belgo lançam 264 toneladas/dia (96.360 toneladas/ano) de poluentes no ar da Grande Vitória. A Vale responde por 20-25% desses poluentes. A poluição provoca doenças que exigiram o gasto de R$ 3,7 a R$ 4,4 bilhões aos moradores para tratamento de saúde. Cada morador da Grande Vitória gasta R$ 100,00, por ano, para tratar as doenças causadas pela poluição.
Nesta quarta-feira (22) foi requerido ao Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) a paralisação do licenciamento do projeto de expansão da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) em Ponta de Tubarão. O requerimento é das comunidades afetadas pela poluição produzida pela empresa e pelo Ministério Público Estadual (MPE).
Exigem de o Iema licenciar o projeto a Vale assine um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com as comunidades e o MPE, para reduzir as emissões de poluentes.
(Por Ubervalter Coimbra, Século Diário – ES, 23/11/2006)
http://www.seculodiario.com.br/arquivo/2006/novembro/23/index.asp