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2006-11-24
A luta contra o aquecimento global ganhou um novo aliado esta semana, quando um consórcio internacional de mais de 30 países assinou um acordo para a construção do reator experimental de fusão nuclear mais avançado do mundo. O Iter, que custará 10 bilhões de euros (28 bilhões de reais) e levará 10 anos para ficar pronto, vai utilizar água do mar para produzir energia a partir de um processo semelhante ao do Sol. Apesar de ainda haver muitas dúvidas em torno da viabilidade do projeto, os defensores do reator afirmam que a fusão pode se tornar a principal fonte de eletricidade da Terra em um século.

A construção do Iter, que ficará localizado cidade de Cadarache, ao sul da França, foi autorizada na última terça-feira em uma cerimônia no palácio presidencial do Eliseu em Paris. Estados Unidos, União Européia, Coréia do Sul, Rússia, China, Japão e Índia irão financiar compartilhar o reator. O projeto Iter é fruto de um acordo firmado em 1985 entre os então presidentes americano Ronald Reagan e russo Mikhail Gorbachev, que aceitaram a idéia de um processo de fusão experimental internacional durante uma cúpula.

Fonte infinita
Os defensores do projeto acreditam que nos próximos 30 anos será possível gerar energia elétrica ilimitada usando reações nucleares semelhantes a do Sol. Diferente das usinas nucleares convencionais, que produzem energia pela fissão de átomos, o reator de fusão nuclear combina os átomos leves, transformando-os em outros mais pesados.

Isso acontece quando o gás é aquecido a uma temperatura superior a do centro do sol e se transforma em plasma. As partículas resultantes dessa reação se fundem liberando gigantescas quantidades de energia. O resultado é cerca de 10 milhões de vezes maior do que o obtido em uma reação química comum - como na queima de um combustível fóssil, por exemplo.

A idéia dos pesquisadores que trabalham no projeto, é fundir o deutério, um elemento facilmente extraído da água do mar, com o trítio, obtido a partir do lítio, metal abundante. Como o reator será construído em forma de parafuso, uma espécie de anel eletromagnético gigantesco forçará os átomos a se unirem a cerca de 100 milhões de graus Celsius.

O resíduo radioativo do Iter é considerado mais seguro e fácil de processar do que o produzido por reatores de fissão. O risco de acidentes sérios também tende a ser muito menor. Mas o fato de não emitir nenhum dos gases causadores do efeito estufa é que tem sido apontado com umas das principais vantagens dessa tecnologia, que, no futuro, poderá substituir os combustíveis fósseis na produção de energia elétrica.

"A fusão poderá se tornar a fonte dominante de energia em cerca de um século. Nós precisamos trabalhar para tentar conseguir (produzir) essa energia", disse à BBC Jerome Pamela, do Iter. "Não fazer isso seria irresponsável porque o resultado pode ser enorme para a humanidade", disse ele, adicionando que a idéia de imitar o processo do Sol na Terra é um "desafio muito, muito grande".

Pé atrás
Algumas organizações ambientais são contrárias à construção do reator. Afirmam que os benefícios da fusão nuclear foram exagerados e os problemas dos resíduos subestimados. Os críticos apontam ainda que possa levar 50 anos para que um reator comercialmente viável seja construído. Atualmente, apesar de anos de pesquisa, os reatores de fusão experimentais ainda não são capazes de produzir mais energia do que a consumida para funcionar.
(Por Sabrina Domingos, CarbonoBrasil, 23/11/2006)
http://www.carbonobrasil.com/noticias.asp?iNoticia=16291&iTipo=6&idioma=1

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