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2006-11-24
Após três semanas de intensa campanha do Greenpeace contra a entrada de alimentos e rações transgênicos na Rússia, dois dos maiores importadores russos anunciaram que vão adotar uma política de usar apenas produtos não-transgênicos. A decisão das empresas Sodruzhestvo e Rubflotprom tem um impacto direto sobre a produção e a exportação de soja brasileira. Numa declaração por escrito, o diretor da Sodruzhestvo, S. L. Kandybovich, deixou claro que sua empresa vai, no futuro, usar principalmente soja importada do Brasil. "Pensamos que o Brasil é o único país que planta soja convencional que satisfaz nossos critérios", afirmou. A decisão também terá um impacto negativo sobre os exportadores de produtos transgênicos como a Argentina e os Estados Unidos.

No ano que vem, somente a Sodruzhestvo esmagará 1,5 milhão de tonelada de soja não-transgênica, o que poderia representar um aumento das exportações brasileiras do grão. "Diferentemente da Argentina e dos Estados Unidos, o Brasil tem capacidade para atender essa demanda não-transgênica. Essa é uma grande oportunidade de mercado que o Brasil não pode perder", disse Gabriela Vuolo, coordenadora da campanha de engenharia genética do Greenpeace.

A Sodruzhestvo é a maior importadora de soja da Rússia e fornece 70% de toda a soja usada na indústria de alimento e ração do país. Na seqüência da decisão da Sodruzhestvo, a fábrica Rybflotprom, que controla 7% do mercado russo de ração, também anunciou ter adotado uma política anti-transgênicos para todos os seus produtos.

"Essa é mais uma mudança significativa no mercado global em direção aos produtos não-transgênicos", afirmou Gabriela. Nesta semana, a CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) está discutindo a liberação comercial de uma variedade de milho transgênico resistente a agrotóxico. Fica cada vez mais evidente que o plantio e a comercialização de transgênicos vai na contramão dos bons negócios, e isso deve servir de recado para as autoridades brasileiras", complementou.

O Greenpeace também solicitará à Sodruzhestvo que apóie a iniciativa lançado em julho para assegurar que a soja produzida no Brasil não contribua para o desmatamento da Floresta Amazônica. No meio deste ano, na seqüência de uma investigação do Greenpeace sobre os impactos do comércio de soja na Amazônia brasileira, empresas multinacionais que negociam com a soja no Brasil concordaram em dar dois anos de moratória na compra de soja cultivada em terras recém-desmatadas na Amazônia.

Os anúncios das empresas russas foram feitos numa coletiva de imprensa realizada no barco Arctic Sunrise, do Greenpeace, que está ancorado no porto de Kaliningrado, na Rússia. Nas últimas três semanas a embarcação navegou pelo Mar Báltico denunciando importações controversas para a Rússia de produtos alimentícios e de ração geneticamente modificada. As informações são da Assessoria de Imprensa do Greenpeace.
(Agência Safras, 23/11/2006)
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