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2006-11-23
No centro de Caxias do Sul, uma casa atraiu nos últimos dias servidores da limpeza urbana e repeliu pedestres, que atravessaram a rua para escapar do mau cheiro.

Desde segunda-feira (20/11), por ordem judicial, a Companhia de Desenvolvimento de Caxias (Codeca) trabalha para retirar pelo menos 41 toneladas de lixo seco e orgânico do imóvel 1.221 da Rua Marechal Floriano.

Até a tarde de ontem (22/11), os entulhos haviam lotado 14 caminhões-caçamba. Entre embalagens, sobras de móveis, papel, garrafas, fezes humanas e de animais e restos de comida, servidores foram obrigados a desinfetar o local e usar máscaras para respirar melhor durante o trabalho.

- Eu nunca havia precisado substituir funcionário por passar mal. O cheiro era pior que o aterro sanitário. No pátio, tinha uma camada de meio metro de lixo apodrecido, de anos - comentou o diretor-presidente da Codeca, Adiló Didomenico.

Ontem, só quem estava tranqüilo era o morador, o andarilho Paulo Roberto Borges Mathias, 43 anos.

- A gente acostuma - afirmou.

Embora seja visto com freqüência mexendo nas lixeiras do Centro, ele disse que os entulhos pertenciam aos moradores antigos. Afirmou que só mexe no lixo para pegar comida aos 23 cachorros que vivem com ele.

Em agosto de 1998, Mathias havia sido notícia no jornal Pioneiro, de Caxias, por ter despertado reclamações de vizinhos. Na época, a casa onde ele mora hoje era ocupada por estabelecimentos comerciais. Mathias vivia em um banheiro nos fundos e criava cerca de 40 cachorros no pátio.

Desta vez, a equipe de abordagem de rua da Fundação de Assistência Social o procurou para orientá-lo a buscar atendimento de saúde e encaminhá-lo a um abrigo provisório até a conclusão da limpeza, mas ele não concordou.

Caso semelhante foi descoberto em São Paulo em julho, quando a prefeitura recolheu 250 toneladas de lixo da residência de uma milionária espanhola de 70 anos.
( Zero Hora, 23/11/2006)

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