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2006-11-23
Debate na Fiesp conclui ser preciso criar uma agência reguladora com ação internacional. O consumo indiscriminado de água doce no mundo todo está chamando a atenção de várias entidades que prometem aquecer o debate, principalmente no Brasil, para a criação de uma agência reguladora de atuação nacional e internacional. "É preciso que os governantes levem o assunto a sério, descentralizem políticas, criando autonomia e iniciativas importantes. Todos os dias sabemos que aumenta o consumo de água no mundo, principalmente no grandes centros como por exemplo, Washington, Califórnia e São Paulo cujas populações são semelhantes e, por essa razão, é necessária a formação de uma cultura de conscientização", afirmou Loïc Fauchon, presidente do Conselho Mundial da Água, durante encontro com empresários na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Considerado uma das maiores autoridades do assunto, Loïc Fauchon, fez um pequeno comparativo do consumo nos países menos desenvolvidos criticando também a atuação da população, incluindo os EUA. "É preciso que haja um controle. Essa idéia vale para países ricos e pobres onde a água é grátis ou praticamente de graça. É uma mudança de comportamento que precisa de força e ação pública junto com a vontade de cada cidadão. Nos EUA, uma pessoa consome entre 700 e 800 litros de água por dia. É muito se comparado a Alemanha onde uma pessoa gasta diariamente apenas 250 litros", disse.

O diretor da Agência Nacional de Águas (ANA), Benedito Braga, vai mais longe e cobra das autoridades brasileiras a definição urgente de um marco regulatório para o setor. "Esperamos que o novo Congresso Nacional vote o mais breve possível o projeto de Lei para a criação da agência regulatória. Depois que essa questão estiver clara, será possível o aporte de capital privado através das Parcerias Público Privadas (PPP) para investimentos no setor", disse demonstrando também sua preocupação com a questão energética. "Hoje, não podemos contar com a energia nuclear, as térmicas a óleo são preocupantes e a gás, pior ainda. A única saída é a hidroeletricidade e deve haver um compromisso do governo que garanta energia. Por sorte, temos água em abundância, mas é necessário haver um pacto e muita seriedade porque não vamos suportar um novo apagão", disparou.

Dados do IBGE mostram que em 11 estados brasileiros menos da metade dos domicílios são atendidos por redes coletoras de esgoto e 80% do que é recolhido e jogado sem tratamento em lagoas, rios e oceanos. Segundo o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), em muitos países, a irrigação é responsável por mais de 90% da água. No Brasil, há mais de 60 milhões de hectares plantados e desse total cerca de 3,7 milhões de hectares são irrigados. A indústria é o segundo maior usuário de água embora o volume utilizado sofra variação de acordo com cada indústria. O maior consumo, neste caso, é destinado à refrigeração no processo de geração de energia térmica.

Uma preocupação da Fiesp se refere justamente ao consumo nas indústrias, sendo que em algumas delas (têxtil) a redução já chegou a 30% com indicação de um potencial de redução de até 20%. Já nas petroquímicas, a redução variou entre 15% e 25% nos últimos anos.
(Por Ivonéte Dainese, Gazeta Mercantil, 23/11/2006)
http://www.gazetamercantil.com.br/integraNoticia.aspx?Param=9%2c0%2c1%2c310734%2cUIOU

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